sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Inflação fecha 2015 em 10,67% e é a maior desde 2002

Do UOL
A inflação oficial no Brasil fechou 2015 em 10,67%, muito acima do limite máximo da meta do governo. O objetivo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.
É a maior alta de preços anual desde 2002 (12,53%). Em 2014, a inflação havia sido de 6,41%, dentro do limite máximo. No mês de dezembro, a alta de preços desacelerou em relação ao mês anterior (1,01%) e ficou em 0,96%.
Os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Como a inflação estourou a meta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, terá que publicar uma carta aberta explicando por que a meta foi descumprida, quais ações serão adotadas para que a inflação volte para dentro da margem de tolerância e o tempo esperado para que essas medidas surtam efeito.
Vilões do ano: conta de luz e gasolina
Em 2015, o brasileiro passou a pagar mais caro por todos os grupos de produtos e serviços que compõem a inflação oficial.
Os aumentos na conta de luz e no preço dos combustíveis foram os principais responsáveis pela elevada inflação. Juntos, os dois itens representam 24% da alta de preços.
A energia elétrica ficou 51% mais cara e os combustíveis, 21,43%. Em algumas cidades, o aumento foi muito maior. Em São Paulo (SP), por exemplo, a conta de luz subiu 70,97% e, em Curitiba (PR), 69,22%.
Outra despesa que pesou no orçamento foi o botijão de gás, que ficou 22,5% mais caro em 2015.
Cebola salta 60,6%
Preparar uma receita de vinagrete ficou bem mais caro no ano passado. A cebola teve alta de 60,6% e o tomate, de 47,45%.
Também foram destaque negativo a batata, com alta de 34,18%, e o cafezinho consumido fora de casa, em estabelecimentos comerciais, que subiu 15,67%. No geral, alimentos e bebidas tiveram uma alta de 12,03% nos preços.
Expectativas para 2016
Em um cenário de confiança muito fraca na economia, piorado pela crise política e a ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as expectativas de inflação não param de piorar, o que deixa o BC ainda mais sob pressão para controlar a alta dos preços.
Em seu Relatório de Inflação, o BC elevou a expectativa de inflação para este ano para 6,2%, e para 4,8% em 2017.
Já a pesquisa Focus, realizada pelo BC, mostra que os economistas veem inflação de 6,87% no final de 2016.
Inflação e juros
A inflação alta tem sido uma das principais dores de cabeça para o Banco Central nos últimos anos. A taxa de juros é um dos instrumentos mais básicos para controle da alta de preços.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair (obedecendo à lei da oferta e procura), o que, em tese, controlaria a inflação.
Na última reunião, o BC manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25%, interrompendo uma sequência de sete altas. Essa taxa de juros é a mais alta desde agosto de 2006, quando ela também estava em 14,25%.

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