domingo, 3 de janeiro de 2016

O Globo, em nome da coerência, precisa ser transparente

Cinta encartada na edição do jornal O Globo de 1 de janeiro de 2016. Quem paga este custo?

Do Marcelo Auler Repórter
Nas edições do dia 1 e 2 de janeiro de 2016, os cerca de 170 mil assinantes de O Globo (dados de julho, quando a tiragem do jornal foi de 193 mil) receberam seus exemplares envoltos em uma cinta, em papel branco, de boa qualidade. Nada de mais, caso a publicidade não fosse de um ente público: a Prefeitura do Rio de Janeiro.
A população do Rio, como o próprio jornal tem anunciado em diversas reportagens, vive as consequências de uma grave crise financeira que afeta diretamente o atendimento nos hospitais, a merenda escolar quando do período de aulas e coloca em risco a própria conclusão de obras importantes para os Jogos Olímpicos – o xodó do prefeito Eduardo Paes -, como a linha de metrô para a Barra. Tudo por conta das deficiências de arrecadação do Governo do Estado.
Curiosamente, como se verá abaixo, no editorial de 13 de dezembro, O Globo pregou  a transparência dos gastos públicos por parte dos municípios. Este, sem dúvida, é um gasto que pode ser considerado duvidoso: o anúncio fala que o ano de 2016 veio para ficar – tema da festa de Réveillon na cidade. Apresenta alguma obras que Paes fez ou está em fase de conclusão. Na verdade, a publicidade é visa muito mais a campanha política de outubro, quando o prefeito tentará fazer seu sucessor, do que o interesse maior da população em si.
O que se questiona é se a empresa Infoglobo, para ser coerente com o editorial do dia 13 de dezembro, se dispõe a dar o exemplo e declarar quanto custou e como foi paga esta publicidade?
O anúncio não beneficiou o concorrente de O Globo, o jornal O DIA. Ao que parece foi uma publicidade dirigida. E ela acontece em dois dias atípicos, quando mesmo os assinantes dão pouca importância aos jornais, até por estarem possivelmente viajando.
Dirigida apenas aos assinantes, a propaganda atingirá, na melhor das hipóteses. 850 mil leitores, admitindo-se, por alto uma média de cinco pessoas lendo cada exemplar. Como muitos assinantes do jornal moram em outros municípios, o público alvo na cidade do Rio de Janeiro será ainda menor. A população do município é de 6.476.631 (segundo o portal meumunicípio.org.br). Logo, mesmo se considerássemos como 850 mil leitores na cidade, apenas 13%  dos munícipes serão atingidos.
Pode-se considerar que esta é apenas o início das despesas que a prefeitura, em ano de campanha eleitoral, gastará com publicidade e propaganda. Aproveitará o mote dos Jogos Olímpicos, mas estará de olho na sucessão municipal.
Em 2015, segundo uma reportagem publicada dia 28 de dezembro pela Folha de S. Paulo – Paes gasta com propaganda o dobro do valor despendido pelo governo do RJ – os gastos nesta rubrica totalizaram R$ 107,2 milhões. Já o governador Luiz Fernando Pezão gastou R$ 57,6 milhões.
Do total despendido por Paes, pelos dados do portal RioTranspartente, R$ 8.822.263,34  (8,22% do gasto) foram destinado à empresa Infoglobo Comunicação e Participação S.A., editora dos jornais O Globo, Extra e Expresso. Estas despesas se concentraram na Empresa de Turismo do Municipio – Riotur, que respondeu por R$ 7,1 milhões. A  maior parte deste valor destinado a Promoção e Venda do Produto Rio de Janeiro. Curioso é vender o turismo da cidade em jornal de circulação local, principalmente quando, segundo dados existentes, o maior número de visitantes de outros estados parte do interior de São Paulo.

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