Por Magno Martins
Durante longo pronunciamento político para um grupo fechado de
líderes petistas, o ex-presidente Lula contestou a denúncia do
Ministério Público Federal de lavagem de dinheiro e corrupção. Optou
pelo discurso político. Apresentou-se como vítima. Fez retrospectiva de
sua vida sindical, partidária e pública e, sem ser original, culpou a
imprensa.
Lula reeditou Fernando Collor. Em agosto de 1992, atingido também por
uma saraivada de denúncias de envolvimento em atos de corrupção, o
então presidente convocou os brasileiros para saírem às ruas com a
bandeira nacional. Milhões de cidadãos de todos os credos, partidos,
idades e raças saíram de caras pintadas, verde e amarelo, para pedir o
impeachment de Collor.
Agora, Lula convocou a militância para protestar com "camisas
vermelhas". Ignorou protestos de milhões e milhões de brasileiros que,
orgulhosos e emocionados com as solenidades e conquistas da Olimpíada
Rio 2016, e com as pacíficas e monumentais manifestações dos últimos
três anos, rejeitaram de forma contundente as bandeiras vermelhas. Elas
eram confundidas com corrupção, desordem, vandalismo e recessão.
A equivocada convocação de Lula teve outro fato negativo. Em nenhum
momento o ex-presidente refutou as graves acusações de ser "comandante
do esquema de corrupção" ou se referiu aos correligionários e amigos do
PT, do PMDB e do PP, condenados, presos, investigados ou na cadeia.
Todos por ele nomeados ou apadrinhados.
Quando faz a defesa com discurso exclusivamente político, Lula pode
até sensibilizar a militância petista. Mas pouco esclarece sobre as
graves acusações que envolvem seu nome no Mensalão e no Petrolão.
sábado, 17 de setembro de 2016
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