Gabriel Garcia, direto de Brasília
A revogação da prisão temporária de Guido Mantega, o mais longevo
ministro da Fazenda (2006 a 2014), não o isenta de esclarecer a acusação
de recebimento de R$ 5 milhões do empresário Eike Batista para pagar
dívidas de campanha do PT em novembro de 2012. Alvo da 34ª fase da
Operação Lava Jato, intitulada Arquivo X, Mantega foi liberado após
decisão do juiz federal Sergio Moro.
"Observadas as restrições constitucionais quanto à inviolabilidade
domiciliar, a prisão pode ser efetivada em qualquer lugar. Isso vem
claramente estatuído no Código de Processo Penal", opinou o ministro
Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. Na avaliação do
líder tucano no Senado, Paulo Bauer (SC), “a revogação não significa que
as investigações estejam erradas ou que o que foi levantado até agora
seja inconsistente”.
Não demorou a reação do PT. Em vez de explicar a denúncia, os
petistas se apegaram ao momento da prisão, quando a mulher do
ex-ministro se dirigia para uma cirurgia no Albert Einstein, em São
Paulo. A Polícia Federal pretendia prendê-lo em sua residência, no
bairro de Pinheiros (SP). Na casa, só estavam o filho, de 16 anos, e a
empregada doméstica. Os agentes foram ao hospital, onde o ex-ministro se
apresentou espontaneamente.
O cumprimento do mandado de prisão respeitou os devidos limites
legais. Mas por que dar regalias para os crimes de “colarinho branco”? O
cidadão comum, em situação semelhante, estaria preso. O medo de suas
excelências decorre justamente do tratamento duro que recebem agora da
Justiça. Com a Lava Jato, poderosos tornaram-se sócios de presídios, com
frequência pouco antes vista na história do Brasil.
É preciso, sobretudo, esclarecer o esquema que roubou o cidadão
brasileiro, que desviou recursos da educação e da saúde, e não entulhar a
sujeira debaixo do tapete. Como lembrou o deputado Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE), Mantega era “um dos articuladores da estratégia econômica do
PT que quebrou o País e nos levou a crise atual”. De resto, saúde e paz à
mulher do ex-ministro.
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