Da Folha de São Paulo
A Polícia Federal pediu a prisão preventiva do ex-ministro Antonio
Palocci, investigado na Operação Lava Jato sob suspeita de pedir e
coordenar pagamentos de propina ao PT.
Palocci foi preso temporariamente na última segunda (26), e sua
prisão vence hoje. Cabe ao juiz Sergio Moro definir se acata ou não o
pedido da polícia, após ouvir o Ministério Público Federal.
Em ofício enviado à Justiça na noite desta quinta (29), o delegado
Filipe Pace afirma que novas provas foram colhidas durante a
investigação, e demonstram que Palocci era o "italiano" mencionado em
planilhas e e-mails de executivos da Odebrecht.
O ex-ministro nega irregularidades e diz não ser o "italiano", nem
nunca ter interferido em favor da empreiteira, conforme acusa a PF.
O delegado rebate e diz que "o quadro probatório apresentado no
pedido inicial [foi] robustecido e acrescido de novos elementos", que
comprovariam não apenas o apelido do ex-ministro, como a realização dos
pagamentos de valores indevidos a ele e seu grupo político.
NOVAS PROVAS
Uma das novas provas é um e-mail enviado por Benedicto Júnior,
presidente da construtora Odebrecht, a Marcelo Odebrecht, sobre uma
agenda entre ele e o "Italiano". O assunto do e-mail, por "falta de
atenção", é preenchido como "Sugestão Paper Palocci".
A PF também menciona um e-mail de Marcelo sobre uma reunião com o
"Italiano", em outubro de 2010. No mesmo dia, um registro na agenda do
executivo mostra uma reunião com "AP", ou Antonio Palocci, no endereço
da sua consultoria em São Paulo.
Os policiais ainda citam a correspondência entre os pagamentos
mencionados na planilha "Posição Programa Especial Italiano", que
apontaria repasses de propina feitos a pedido de Palocci, com outros
e-mails e documentos apreendidos com quatro executivos e funcionários da
Odebrecht.
Novas investigações também demonstraram que os pagamentos relatados
na planilha foram realizados, em espécie, segundo a delatora Maria Lúcia
Tavares (que foi secretária da Odebrecht). Um endereço é mencionado em
planilha da delatora, associado aos pagamentos da planilha "Programa
Especial Italiano".
Para a PF, isso demonstra que Palocci "foi beneficiado de maneira
indevida, [assim como] seu grupo político e atores a ele direta e
indiretamente ligados".
PRISÃO
A PF pede a prisão preventiva de Palocci e de seu ex-assessor
Branislav Kontic, mas pugnou pela libertação de Juscelino Dourado, que
"parece não ter mais relações" com o ex-ministro.
"Com a oitiva dos presos e com o aprofundamento dos trabalhos de
análise de materiais apreendidos, a prisão preventiva é a única medida
eficaz e ao mesmo tempo necessária para o afastamento de qualquer risco à
aplicação da lei penal e para a preservação da tão lesada ordem
pública", escreveu o delegado Pace.
O juiz Moro deve decidir sobre o tema ainda nesta sexta (30), após ouvir o Ministério Público Federal.
O período eleitoral não impede a prorrogação ou a conversão das
prisões em preventivas, de acordo com a Justiça Federal. A lei
brasileira proíbe a prisão de eleitores no período de cinco dias antes
da votação (com exceção de prisões em flagrante, por condenação criminal
ou por desrespeito a salvo-conduto).
Mas a regra não se aplica, segundo a Justiça, a quem já estiver preso antes desse período.
"Essa previsão da lei existe para garantir o direito ao voto de
pessoas que estejam livres. Mas não se aplica a pessoas presas",
declarou o delegado Filipe Pace, em entrevista na última segunda (26).
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