Itamar Garcez - Blog Os divergentes
Eis que o senador Edison Lobão, investigado por suspeita de corrupção na Operação Lava-Jato, desafiou esta grei das frases fáceis. “Se alguém acha que a atividade política está tão ruim assim, ingresse na vida pública para tentar melhorá-la”, disse ele aos jornalistas Julia Lindner e Caio Junqueira, d`O Estado de S. Paulo deste sábado, 11.
Os 513 deputados federais e a maior parte dos 81 senadores (suplentes sem votos são excrescência constitucional) não chegaram ao Parlamento a pé. Fizeram campanhas, submeteram-se ao eleitorado e foram eleitos por voto secreto, direto e universal.
O Brasil vivencia uma democracia há mais de 30 anos. A imprensa é livre e o acesso à informação com a internet tornou-se mais abrangente.
Edison Lobão foi eleito duas vezes deputado federal, uma vez governador e cinco vezes senador pelos eleitores do Maranhão, estado que figura invariavelmente entre os mais miseráveis da Nação. Os eleitores daquelas paragens, assim, já tiveram a oportunidade de escrutinar a vida da excelência indigitada.
Diante desta evidência surgem teses da ingenuidade humana, quase inimputabilidade do indivíduo que habita o lúmpen, engendradas pela sinistra acadêmica e encampadas pelos demais matizes ideológicos. “Pobre povo sofrido, permanentemente enganado pelos poderosos”, argumentam.
O debate tem ainda outro viés, mais polêmico. Aquele que sugere que o Parlamento é apenas a expressão do cotidiano cidadão, onde a maioria sempre quer levar vantagem em tudo. Vide a praxe nacional, que é a de furar filas.
Tirante estes vieses psicossociológicos para aliviar ou referendar nossa culpa pelo Parlamento que temos, há dois aspectos inexoráveis a rondar estas lamentações do infortúnio tupiniquim. Primeiro, o Congresso Nacional não vai mudar se o povaréu perseverar em eleger os mesmos maganos.
Segundo, enquanto os que criticam os “não-representantes” não se aventurarem em eleições para exercerem a “boa política” vamos ter apenas o rodízio dos mesmos. Ou ainda, o Congresso Nacional vai continuar nos representando. Por afinidade ou por omissão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário