Independente de ter bancado ou não o ato da Transposição em Monteiro, domingo passado, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), ficou em maus lençóis. Seu discurso, rasgando o verbo para amaciar o ego de Lula, Dilma e o PT, é uma peça contraditória para não classificar de oportunista. Se não, vejamos.
Há 40 dias, no mesmo local em que Lula esteve ontem, o presidente Michel Temer (PMDB) foi elogiado pelo governador ao inaugurar, oficialmente, a chegada das águas do Velho Chico ao seu Estado. Agradeceu pela decisão política do seu Governo de priorizar a retomada das obras do projeto e que isso seria com o tempo reconhecido e valorizado.
Já no domingo, diante de Lula e Dilma, Coutinho mudou o tom. Numa recaída petista – hoje é filiado ao PSB – o governador adotou a máxima de Augusto dos Anjos, autor de uma obra só, que disse que a mão que afaga é a mesma que apedreja. Como se passasse uma borracha no que saiu da sua boca em tão pouco tempo atrás, carimbou o Governo Temer de golpista e voltado para as elites do centro-sul maravilha.
Coutinho, certamente querendo agradar a Lula e ao PT, afirmou que ninguém, com exceção dele e Dilma, poderia se apresentar ao povo nordestino como padrinhos da Transposição. O governador quis roubar a cena. Não permitiu que ninguém falasse depois dele, a não ser Lula. Até a ex-presidente Dilma foi obrigada a discursar antes, por imposição dele ao cerimonial.
E quando discursou, além de trair as palavras de elogios a Temer no evento anterior, mentiu ao afirmar que seu Governo não deu um tostão para fazer o ato maior do que Lula esperava. “Aqui, no território livre da Paraíba, o povo sabe o que é verdade, o povo tem a coragem de ir às ruas. […] Eu agradeço aos meus companheiros, prefeitos aqui da região. Botaram a mão na massa. Fizeram, efetivamente, de burro, de carroça, de carro, de ônibus, de qualquer jeito criaram as condições para que muita gente estivesse aqui. Não foi gasto um centavo de dinheiro público, não foi gasto nada, a não ser o sentimento de gratidão que o nosso povo tem”, disse. Dá para acreditar?
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