Do UOL
Um grupo de quatro manifestantes vestidos com camisetas com mensagens de apoio ao juiz federal Sergio Moro, à "República de Curitiba" e à Operação Lava Jato, com bandeiras do Brasil e narizes de palhaço assistiram à chegada de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), por volta das 14h30 de hoje.
Marcelo Odebrecht chegou em uma viatura descaracterizada da Polícia Federal para prestar depoimento ao ministro Herman Benjamin, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável pelo processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.
A testemunha foi levada da carceragem da Polícia Federal, no Santa Cândida (região norte de Curitiba), para o TRE-PR, localizado no Parolin, bairro da região central da cidade distante cerca de 13 km da PF.
Odebrecht será ouvido nesta tarde por Benjamin numa sala de reuniões do TRE-PR sem a presença de funcionários do órgão, salvo uma possível participação --não confirmada-- do presidente da Corte no Paraná, o desembargador Adalberto Xisto Pereira.
Benjamin é relator no TSE do processo movido pelo PSDB que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB). O resultado do julgamento pode resultar na interrupção do mandato de Michel Temer e na inelegibilidade de Dilma Rousseff. A audiência de Odebrecht será a primeira de uma série de cinco oitivas de delatores da empreiteira no processo.
O que pode ocorrer no depoimento
Odebrecht pode confirmar hoje em depoimento as declarações feitas pelo ex-diretor de Relações Internacionais da empresa, Cláudio Melo Filho, de que Temer teria negociado pessoalmente contribuições da empreiteira ao PMDB em 2014.
Cláudio Melo Filho afirmou, em anexo entregue ao Ministério Público Federal, que a Odebrecht se comprometeu com um pagamento de R$ 10 milhões durante a campanha à reeleição da chapa Dilma-Temer. Segundo o delator, o valor teria sido combinado no Palácio do Jaburu, em jantar com a presença de Michel Temer, Marcelo Odebrecht e Eliseu Padilha.
Do valor negociado no jantar, R$ 4 milhões foram realizados "via Eliseu Padilha", a quem Melo Filho chama de "preposto de Temer". Parte do pagamento, segundo Padilha informou ao delator, foi destinada ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Compreendi que os outros R$ 6 milhões, por decisão de Marcelo Odebrecht, seriam alocados para o Sr. Paulo Skaf", afirmou.
Um desses pagamentos teria sido feito na sede do escritório de advocacia de José Yunes, ex-assessor especial e amigo pessoal de Temer. Em seu depoimento, Yunes afirmou que, durante a campanha eleitoral, recebeu pedido de Padilha para que recebesse em seu escritório alguns "documentos", que depois seriam retirados de lá por um emissário. Yunes afirma que desconhece o conteúdo do pacote.
Caixa 2
Em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões à coligação Com a Força do Povo, que reelegeu Dilma e Temer em outubro de 2014. O valor representa cerca de 10% do total arrecadado oficialmente pela campanha. Se Marcelo confirmar a doação, tanto Dilma como Temer seriam implicados.
Michel Temer nega todas as acusações. Ele diz apenas que pediu "auxílio formal e oficial" à Odebrecht, mas que não autorizou "nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral". Quando os novos depoimentos foram marcados, Dilma afirmou que não "tem nada a Temer".
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