Após a nova prisão do ex-ministro José Dirceu, a ordem no Palácio do Planalto é blindar a presidente Dilma Rousseff e tentar impedir que os desdobramentos da Operação Lava Jato contaminem ainda mais agenda do governo. Durante a reunião de coordenação política nesta segunda (3), horas após a detenção de Dirceu, ministros disseram que a gestão Dilma "precisa ser blindada" da repercussão que a prisão do ex-ministro vai trazer ao cenário. No entanto, o núcleo político da presidente avaliou que será "bastante difícil" manter o governo fora do desgaste que o fato vai criar ao PT e aos petistas.
Na quinta-feira (6) vai ao ar o programa do partido em rede nacional. Para a cúpula da legenda, a nova prisão de Dirceu -que já foi condenado e preso no mensalão - vai dar ainda mais munição para a reedição de panelaços durante a exibição da peça.
Como a Folha de S.Paulo revelou, o programa será a primeira vez em que a presidente aparecerá em rede nacional após o panelaço do dia 8 de março, durante seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher.
Petistas afirmam que a nova prisão de Dirceu tem o efeito de uma "pá de cal" na já desgastada imagem do partido.
Dirigentes petistas já esperavam a prisão do ex-ministro. Um membro da cúpula do PT disse à reportagem que, apesar do desgaste à legenda, a prisão de Dirceu é "mais do mesmo".
CRIADOR DO ESQUEMA Segundo os investigadores da Lava Jato, o ex-ministro José Dirceu foi um dos criadores do esquema de corrupção na Petrobras e repetiu o mensalão na estatal.
"Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, sobre o ex-ministro. "Isso passou pelo mensalão, passou pela investigação do caso, passou pela prisão [de Dirceu] e perdurou apesar da movimentação da máquina do STF e do judiciário."
Dirceu, de acordo com as investigações, tinha o poder, como ministro da Casa Civil, de indicar nomes a cargos estratégicos no governo do ex-presidente Lula. Foi ele, por indicação do empresário e lobista Fernando Moura -também preso nesta segunda (3)-, que conseguiu nomear o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de cobrar propinas milionárias em contratos da estatal.
Foi na diretoria de Duque, disse, que se iniciou o esquema de corrupção na Petrobras, depois reproduzido na diretoria de Abastecimento, com o ex-diretor Paulo Roberto Costa.
"Durante o período em que foi ministro da Casa Civil, ele permitiu que esse esquema existisse e se beneficiou dele", disse Lima, sobre o ex-ministro. "Ele é uma das pessoas que decidiu pela criação desse esquema. O DNA, como afirmou o ministro Gilmar Mendes, é o mesmo do mensalão." (De O Tempo)
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