domingo, 3 de janeiro de 2016

A triste noite que se foi


Carlos Brickmann
Na minha frente, um presente magnífico (que espero colocar o mais breve possível a seu alcance, caro leitor): um DVD, com roteiro e entrevistas de um grande jornalista, José Maria Mayrink, dirigido por Camilo Tavares. Tema: a grande noite da censura militar à imprensa.

Pelo menos dois jornais, "O Estado de S.Paulo e "Jornal da Tarde", se recusaram a aceitar a censura. Os censores impuseram então, militarmente, sua presença à redação. Havia um surto de meningite em São Paulo. Cada pessoa tinha de evitar ao máximo as aglomerações para reduzir o risco. Mas as notícias foram proibidas, impedindo que cada um tomasse suas precauções. O ministro da Agricultura deixou o Governo brigado com o da Fazenda. As notícias foram proibidas. Um censor, chamado Leonardo, temia ser ridicularizado em alguma notícia. O nome Leonardo foi proibido. O artista italiano passou a ser simplesmente Da Vinci. O PCdoB organizou uma guerrilha no Araguaia. As notícias foram proibidas. Quem fosse ao Araguaia (sem saber de nada) estava sujeito a prisão: afinal, que é que tinha ido fazer ali? Mas como saberia de algo se a notícia não era divulgada?

Voltemos ao presente. O impeachment de Dilma é absolutamente legal, bem embasado, depende apenas de decisões políticas. Quem o defende está dentro de seu direito. Mas intervenção militar é inaceitável. É ruim. Não dá certo. Este colunista viveu a ditadura. Viu o filme. 

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