O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que ficou conhecido por ser o delator do ‘mensalão’ em 2005, conversou com o Blog de Jamildo na noite desta quarta-feira (18) e fez uma avaliação positiva sobre o governo do presidente interino de Michel Temer (PMDB), defendendo a ausência de mulheres no primeiro escalão. Além disso, criticou duramente a petista Dilma Rousseff e o partido dela. Defensor do ex-presidente e atualsenador Fernando Collor (PTN-AL) em 1992, quando ele sofreu o impeachment, afirmou que Lula (PT) o corrompeu quando eram aliados. Jefferson ainda defendeu o ex-ministro pernambucano Armando Monteiro Neto (PTB), que votou a favor de Dilma, e fez previsões para a atuação do partido que preside nas eleições municipais.
MULHERES NO GOVERNO
“Estou acompanhando as discussões na internet e estou achando graça. Com a Margaret Thatcher o ministério era só de homens. O ministério da Dilma era cheio de mulheres e era um desastre”, disse o ex-deputado sobre as críticas que Temer recebeu por não ter nomeado mulheres para o primeiro escalão do governo interino.
“Foi o que permitiu fazer a composição política. Isso aqui não é uma festa de presidente recém-eleito. Não tem oba oba, não tem jogo para a urna. O que tem aqui é urna funerária da dona Dilma”, disse ainda.
O presidente do PTB ressaltou ainda, para defender Temer, que Maria Sílvia Bastos Marques foi chamada para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no segundo escalão do governo. “Colocou uma mulher no banco mais importante do País”, afirmou.
CULTURA
Roberto Jefferson criticou a classe artística por protestar contra a extinção do Ministério da Cultura e fusão da pasta com a de Educação e atribuiu as manifestações, geralmente feitas pela internet ao que intitulou “turma do PT”. “Golpe? Essa turma está muito mal acostumada. Com essa Lei Rouanet, aposto que a Petrobras gasta mais do que o orçamento do Ministério da Cultura com show de Chico Buarque, dessa turma mais identificada ideologicamente com o PT. Isso é um escândalo. Esses caras depois vão levantar o braço e mostrar a axila com desodorante antitranspirante lá em Cannes, todo mundo em causa própria, todo mundo assalariado do populismo fazendo gracinha no mundo.”
ELOGIOS A TEMER
Roberto Jefferson classificou a gestão de Temer, que começou há apenas uma semana, como respeitosa, prática e calma. Elogios não faltaram ao peemedebista, apontado como atento e ágil pelo ex-deputado. “Está ouvindo a todos e disciplinando as declarações mais contraditórias de ministros”, afirmou o petebista.
IMPEACHMENT DE DILMA
“Tem que abreviar essa agonia. Um cadáver insepulto deixa fedor na praça. Ela teve 137 votos, não fez um terço na Câmara. Insistir com isso é um crime ao País. Não adianta querer fazer governo no Senado. É uma convulsão que não vão conseguir controlar depois.”
DILMA E CUNHA
“Eduardo já está pela bola sete. Eu disse isso ao Brasil: ‘Passou o impeachment da Dilma, ele cai’. Caiu, não se segurou, a garantia dele venceu e não se segura mais. Foi longe demais ao desafiar as instituições.”
Questionado sobre qual teria sido o maior erro do presidente da Câmara afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Jefferson respondeu: “As contas no exterior que ele negou possuir. Um homem publico não mente. Ele não poderia ter dito isso sob palavra de honra, não pode fazer isso. Cometeu o mesmo erro da Dilma, que mentiu ao País na eleição; no orçamento, na pedalada fiscal.”
“Mentira do homem público não tem perdão. Dilma mentiu no final que tinha lido no celular o golpe do Maranhão, quando tinha combinado com ele na casa dela”, afirmou. O atual presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) suspendeu a validade da sessão que decidiu a favor da admissibilidade do impeachment, mas, sob pressão da então oposição, voltou atrás no mesmo dia. “Pinóquio só é herói no livro do Gepetto. Para o político não cresce o nariz, cresce o rabo, aí a Justiça pega.”
CRÍTICAS AO PT
“Não enxergo nenhuma possibilidade para o PT. Eu vejo que o PT não tem mais possibilidade. Quem se associar ao PT comete um ato de desatino.”
Sobre a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto na Lava Jato, disparou: “O PC Farias, perto desses tesoureiros do PT era menino de procissão. O governo do PT promoveu um assalto ao País, quebrou a Petrobras.”
Foto: Marcello Casal Jr/ABr
TRISTEZA POR COLLOR
Defensor de Collor contra o impeachment dele há 24 anos, Roberto Jefferson afirmou que vê “com profunda tristeza” as acusações atuais contra o senador de Alagoas. Porém, culpou o ex-presidente Lula pelas denúncias contra Collor. “Lula é o Midas ao contrário. Onde Lula põe a mão compromete o ambiente. Tocou o Collor, que estava absolvido”, afirmou. Mesmo assim, preferiu não julgar se o senador é inocente sobre essas denúncias.
“O Collor foi absolvido judicialmente (na época do impeachment, em 1992). Ele foi vítima de um golpe, teve todos os direitos atropelados. Não tinha partido, não tinha nenhuma base de proteção, não tinha MST, não tinha CUT. Apanhou sozinho, coitado.”
CORRUPÇÃO
Para Roberto Jefferson, condenado no mensalão, o único caminho para o fim da corrupção no País é a privatização de todas as empresas públicas. “As estatais são braços financeiros das instituições sindicais e dos partidos. Se continuar sendo o Estado o motor de 40% do PIB, essa corrupção vai continuar com qualquer presidente, até a Madre Teresa de Calcutá. O Estado tem que fazer bem o que é ocupação dele: educação, saúde e segurança”, opinou.
Além disso, para o petebista, o governo federal deve fortalecer as atribuições de estados e municípios com relação a esses temas. “A Força Nacional foi montada para proteger o Lula e os malandros do MST. A União tem que fazer fronteira, impedir que esses armamentos de grosso calibre chegue às cidades.”
DEFESA DE ARMANDO
“Armando foi leal ao presidente Lula e à presidente Dilma porque foi muito apoiado na eleição para governador”, afirmou. Para Roberto Jefferson, inclusive, o petebista estava com vitória garantida em Pernambuco, em 2014, mas perdeu para Paulo Câmara (PSB) devido à comoção gerada pela morte de Eduardo Campos (PSB), então candidato a presidente.
“Passei por isso quando defendi o Collor. Fui o único do Rio que fiquei com Collor até o final e passei por um processo interno muito chato no PTB de expulsão. Foi um sofrimento terrível e não quero isso para ninguém. Se entrar com representação contra o Armando, eu rasgo, eu pico.”
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Para o partido no qual Armando continua, Roberto Jefferson prevê vitória em mais de 500 municípios brasileiros nas eleições de outubro. “O PTB vai crescer muito. É um partido histórico que se mantém apesar dos pesares. Não foi atingido pela instituição da Lava Jato e está muito bem”, defendeu o ex-deputado.
RECIFE
Roberto Jefferson chega ao Recife no dia 3 de junho para o seminário do Instituto Brasileiro de Ciências Jurídicas e Sociais (IBCJUS), promovido em parceria com o Blog Ricardo Antunes. Além do ex-deputado, vêm para o evento o historiador e escritor Marco Antonio Villa e Deltan Dallagnol, procurador da República à frente das ações da Operação Lava Jato.
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