Ao rifar, antecipadamente, o DEM e o PSDB da aliança governista com vistas às eleições no Recife, num dia inusitado – 11 de maio, quando o País grudava os olhos na televisão acompanhando a votação do impeachment de Dilma – o PSB esqueceu uma máxima que Marco Maciel costumava se reportar em momentos de conflitos e indecisões: em política, quando se tem prazo não se pode ter pressa.
Os prazos estão ai à vista. A começar pelas convenções. Pelas novas regras aprovadas para as eleições deste ano, a homologação das chapas só começa em julho e se estende até agosto, período das convenções. Muito longe, portanto. Neste momento, o jogo ainda não começou. Os nomes que colocam são incertos e muito pode vir a mudar. Priscila Krause, do DEM, por exemplo, sequer uma chapa proporcional tem condições de montar hoje.
Daniel Coelho, pivô da decisão antecipada do PSB, não teria, até aquela data – nem tem até hoje – a unanimidade do seu partido, o PSDB. A maioria do diretório estadual, a começar pelo presidente atual, Antônio Moraes, e o presidente que assumirá em julho, Elias Gomes, torcia o nariz para uma candidatura tucana em faixa própria no Recife, preferindo o que inicialmente estaria acertada: a reeleição de Geraldo.
Com tanto tempo para se decidir por alianças, por que pedir ao DEM e PSDB para devolverem cargos num dia em que o País decidia o seu futuro, tirando o PT do poder? Maluquice. Não tem outro adjetivo. Eduardo Campos foi um bom aluno, aprendeu rápido o manejo da política com o seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, mas parece que não se revelou um bom professor. Ou então seus seguidores se apresentam maus alunos, porque não se justifica a estupidez política do ato.
Outra obviedade: que importância teria, faltando ainda tanto tempo para as definições eleitorais, manter o PSDB numa secretaria de um orçamento ínfimo, R$ 1,8 milhão por ano, e o DEM, igualmente, com um espaço de segundo escalão, o Lafepe, que não é uma galinha de ovos de ouro, estando longe, portanto, da cobiça política?
Atirar precocemente o DEM e o PSDB na jaula dos leões sem nenhum cenário eleitoral definido, nem no Recife nem em qualquer cidade importante da Região Metropolitana, é, convenhamos, uma tremenda insensatez. O mais grave: na véspera de uma mudança de Governo, pela qual os dois partidos abocanharam dois Ministérios estratégicos, como Educação e Cidades.
Agora, fica até constrangedor o governador cobrar dos ministros pernambucanos, aliados no passado e adversários no presente, por uma situação mal administrada, diga-se de passagem, apoios a projetos de interesse do Estado que tramitam em Brasília. Todo mundo tem o direito de errar, mas tal tropeço é típico de gente amadora, que dá tiro no pé, joga projetos sólidos e estruturalmente amarrados pela janela. Tem erro em política que se traduz em fatalidade. E este, certamente, pode se configurar trágico.
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