quinta-feira, 19 de maio de 2016

Pernambuco na frente

* Gilberto Marques
O hino de Pernambuco é ufanista ao extremo. Alguns compatriotas o acham pedante. É verdade que a maioria dos hinos, mundo a fora, exalta guerreiros corajosos. Até mesmo o hino francês, que ressalta igualdade, fraternidade, liberdade tem sua proposta violenta desde o primeiro verso: “A Allons enfant de la patrie.” O “Nova Roma de bravos guerreiros...” é lamentável. Roma de Nero, Calígula, Júlio e todos os Césares não merece elogio. Assaltantes, armados, ganharam o mundo. Fizeram guerras, escravos, batalhas sucessivas.
Só não tiveram paz. Nem quando Pilatos lavou as mãos Pernambuco, altaneiro, é dono de belas histórias. O grito de república, p. ex., afrontava a Monarquia, o rei, a colônia. Nas mulheres de Tejucupapo derrotaram, com caldeirões de azeite e água fervendo, um pelotão do exército holandês. A Confederação do Equador armou a Revolução de 1817, o primeiro Golpe, efetivo, no Governo Português. A queda de braço entre Frei Caneca e o Imperador tinha como alvo a Constituição de 1824, seus postulados, sua origem monocrática, absolutista, autoritária. Deu no que deu. Mataram o Frei apesar da recusa do carrasco.
A Capitania perdeu território, mas não perdeu a pompa, a galhardia, a coragem. Recentemente ativada na luta das Ligas Camponesas, do governo Arraes de 1962/64, Gregório, Julião. O MCP e a obra de Paulo Freire desafiaram os conservadores, tal qual o Acordo no Campo. A Faculdade de Direito fez Castro Alves, Rui Barbosa, Tobias. A bancada no Congresso também teve o brilho pernambucano, sobretudo nos momentos de crise. Agora o Governo de Temer, o Vice, lembra o pernambucanês ressaltado pelo dicionário de Souto Maior: Visse? Pois é, 4 pernambucanos na rinha do marido de Marcela. Visse?
Mendoncinha, Bruno, Fernandinho e Raul, meu colega de ginásio, sem falar de Jucá que saiu daqui e A situação é grave. O momento é difícil. A expectativa é grande. Mas o nosso povo é sensível, cordial, inteligente. O latino é romântico e a esperança mora no coração. Não é nem da razão nem do palanque. O governo de transição vai ser atacado no grosso e no varejo. Não dá pra esquecer a reação dos grupos feministas com o recato da Veja. Agamenon Magalhães dizia: “Inimigo que não tem defeito eu boto”. Aí vem o reclamo da composição do Ministério de Michel: Falta negro, índio, mulher.
Os áulicos contam que o Presidente, interino, lembrou alguns nomes. A senadora Gleisi é PT até o ponto final. Marta foi, mas votou contra – “Se ela fez com ele vai fazer comigo?” Erenice não é de paz e Michel pensa em todas as línguas: “make love not war !” Joaquim Barbosa tem aquele problema da coluna. O Cacique Juruna morreu abraçado com o gravador. Maluf não verteu uma lágrima, mas votou pelo Impeachment.
A oitiva das minorias é importante. Mas a mulher é maioria real, inclusive nos concursos. Nesse campo Temer é bom, vai começar pela Cultura. O Brasil enfrenta uma tempestade, Isso é fato. Na chuva se usa a sombrinha. No Tornado se usa o porão, no dilúvio a Arca com a difusa população. Brasil é antes de tudo a Nação. Talvez Vinícius que compôs essa com Baden, no hospital, volte pra ensinar: “Pra que chorar, se o sol já vai raiar, se o dia vai
* Advogado 
gilbertomarquesadv@gmail.com

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