sexta-feira, 20 de maio de 2016

Sobrinho de Lula é ouvido no Rio em operação da PF


Da Folha de São Paulo
A Operação Janus, desencadeada nesta sexta-feira (20) para investigar supostos crimes de exploração de prestígio e tráfico de influência em torno de contratos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento. Econômico e Social), tomou o depoimento, no Rio de Janeiro, de uma pessoa ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Taiguara Rodrigues dos Santos é um dos investigados porque uma de suas empresas, a Exergia Brasil, recebeu R$ 3,5 milhões da empreiteira Odebrecht depois que o BNDES aceitou financiar uma obra executada pela empreiteira em Angola, a construção da hidrelétrica Cambambe. O financiamento para a obra, segundo a PF, foi de US$ 446 milhões.
Taiguara é filho do irmão da primeira mulher de Lula. A empresa dele, porém, não teria capacidade técnica para participar da obra, segundo a PF –a suspeita é que houve o repasse de dinheiro, mas sem contrapartida.
A Folha apurou que a Justiça Federal determinou, a pedido da PF, a quebra dos sigilos bancários e fiscal das empresas de Taiguara. Os dados já foram enviados há cinco dias à PF e ainda estão sendo analisados. Uma das linhas da PF é apurar "uma aparência de evolução patrimonial não compatível" com a renda do sobrinho de Lula entre os anos de 2011 e 2015.
A delegada da Polícia Federal que preside o inquérito, Fernanda Costa de Oliveira, confirmou que a investigação pode se estender a outros contratos do BNDES para obras em República Dominicana, Cuba e Angola, mas ainda é cedo para fazer prognósticos.
"Esta é uma fase inicial, cirúrgica, mas a investigação tem potencial de atingir outras empresas e contratos", disse a delegada.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
O inquérito foi instaurado a partir de um procedimento investigativo aberto no ano passado pelo Ministério Público Federal para investigar suposto tráfico de influência do ex-presidente Lula na obtenção, pela Odebrecht, de obras no exterior com financiamento do BNDES.
De acordo com a Procuradoria, a investigação tinha por objetivo saber se Lula "recebeu vantagens econômicas indevidas para influenciar 'agentes públicos estrangeiros notadamente na República Dominicana, Cuba e Angola', além de facilitar ou agilizar o trâmite de procedimentos de financiamentos de interesse das empresas do grupo Odebrecht junto ao BNDES", conforme texto enviado à imprensa nesta sexta.
Para a delegada da PF, ainda não está definido se há necessidade, na Operação Janus, da tomada de depoimento de Lula. A PF ainda não tem elementos, nessa fase da apuração, sobre eventual participação do ex-presidente no caso da hidrelétrica de Cambambe.

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