Por Magno Martins
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu
a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determinou
nesta sexta-feira (1º) a retirada de menções ao ministro da Educação,
Mendonça Filho (DEM-PE), de um dos inquéritos da Operação Lava Jato.
Há duas semanas, foi tornado público no sistema do STF um documento no
qual Janot apontava suspeitas de pagamento de propina de R$ 100 mil, em
2014, para a campanha à reeleição de Mendonça Filho para a Câmara.
Janot informou ao ministro Teori que não era o autor daquele
documento, que não estava com sua rubrica, e que a peça foi juntada
indevidamente no inquérito do ex-ministro da Secretaria de Comunicação
Social Edinho Silva (PT), que teve o processo remetido para a Justiça
Federal do Paraná depois que deixou o governo federal e perdeu o foro
privilegiado.
O procurador explicou ao Supremo que o documento que entrou no sistema
não tinha "integralidade de correspondência" com o que foi protocolado.
"Ao se confrontar as peças a serem desentranhadas com os articulados,
percebe-se claramente a referência, naquela, a fatos possivelmente
ilícitos e não constantes das peças assinadas pelo procurador."
Segundo Janot, a manutenção de documento "em descompasso com a
veracidade" no processo acarreta "tumulto à investigação" e "prejuízo à
imagem e defesa do parlamentar citado nas peças apócrifas".
A TV Globo apurou que a peça se tratava de uma minuta (documento em
fase de preparação) e que, depois concluída, Janot não viu indícios
mínimos para investigar Mendonça. No entanto, a minuta foi juntada
indevidamente no sistema oficial do Supremo por uma autoridade da
investigação.
Em razão das explicações do procurador, o ministro Teori determinou a retirada do documento que não é oficial do inquérito.
A peça afirmava que, em meio à investigação de Edinho Silva, foi
identificada uma mensagem no celular do ex-diretor financeiro da
construtora UTC Walmir Pinheiro Santana, um dos delatores da Lava Jato,
que fazia menção a Mendonça Filho.
Segundo o documento, a imagem arquivada no celular de Pinheiro se
referia a uma doação de R$ 100 mil da UTC para o atual ministro da
Educação. À época, Mendonça Filho era deputado federal.
A peça, que tinha o nome de Rodrigo Janot mas não estava assinada,
afirmava que "diante de elementos indiciários de possível pagamento de
propina para a campanha" de Mendonça Filho, a Corte teria competência
para investigar a suspeita de prática criminal.
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