Rebaixamento de nota de crédito tem efeito político
Blog do Kennedy
Não dá mais para colocar a culpa na gestão Dilma. O novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil afeta a credibilidade da atual equipe econômica.
A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou ontem a nota de avaliação de risco para investir no Brasil de BB para BB-. Isso significa que a agência de avaliação de risco norte-americana considera mais arriscado investir no Brasil. Agora, a S&P rebaixou a nota para três níveis abaixo do grau de investimento, que é a recomendação de segurança para colocar dinheiro num país.
A S&P é uma das agências de avaliação de risco que erraram bastante na crise mundial de 2008 e 2009. Não deveria ser levada tão a sério. Acontece que os investidores internacionais a levam a sério na hora de aplicar o dinheiro deles. E a S&P está correta ao dizer que a reforma da Previdência se arrasta no Congresso desde abril do ano passado, quando houve a delação de executivos da JBS.
Na verdade, já se arrastava desde 2016, porque foi uma estratégia deliberada do governo, que se mostrou equivocada, ir adiando a reforma da Previdência por insistir num texto draconiano, muito duro, que seria suavizado recentemente. Nem esse texto suavizado está conseguindo caminhar sem problemas. Há incerteza sobre a aprovação dessa reforma.
Outro impacto político é enfraquecer a eventual candidatura presidencial do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pelo PSD. O novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil reforça a percepção de que Meirelles está diminuindo o foco na economia e priorizando a ação na política.
Transmite uma imagem de que Meirelles e a chamada equipe dos sonhos, como foi batizada pelo mercado financeiro, não estão dando conta do recado e fracassando na sua missão principal, que é resolver a questão fiscal do país.
Lateralmente, essa notícia também afeta de forma negativa as movimentações presidenciais de Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Se a reforma da Previdência fracassar, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também perderá politicamente, porque tem sido um espécie de avalista perante o mercado financeiro de questões que demandam soluções do Congresso Nacional. A reforma da Previdência é hoje a principal dessas questões.
O novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil também tornará mais dura a missão do presidente Michel Temer no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, no fim do mês. Esse fórum é sempre usado pelo Brasil como palco para atrair investimentos para o país.
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