quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Cadeia de equívocos


Carlos Brickmann
Juristas das mais diversas tendências, estrategistas políticos, acusadores e defensores que nos perdoem, mas só falta uma semana para que o Tribunal Regional Federal examine o apelo de Lula contra sua condenação em primeira instância. O que se sabe é que as questões que importam não devem ser resolvidas. Muito barulho por nada: mesmo que, dia 24, Lula perca por unanimidade, 3x0, não será preso (quem diz é o presidente do TRF-4, desembargador Thompson Flores). E pode ser que a Lei da Ficha Limpa, segundo a qual réus condenados em segunda instância por um colegiado não podem ser candidatos, por algum motivo deixe de ser aplicada. Conforme a tendência política do jurista consultado, a lei é clara ou tem muitas brechas, abrindo campo para recursos mil. Em resumo, pode sair uma sentença com a qual ou sem a qual a eleição continua tal e qual.
Lula, sem dúvida, sai vitorioso: ao contrário do que muitos imaginavam, abre-se a possibilidade de arrastar a candidatura até a eleição, ou pelo menos perto o suficiente para que ele se apresente como vítima e lance um poste para herdar seus votos. Se for preso, melhor: vira mártir. Nem precisa atacar a Justiça, pois tem quem faça isso por ele. Como Gleisi Hoffmann, que disse que para prender Lula será preciso matar gente. Logo se desculpou, mas é o que pensa. E já se sabe que, para muitos, a Justiça só é justa quando é favorável a Lula. Teremos um ano bem quente.

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