Carlos Chagas
Houve tempo em que o Brasil dispunha de razoável indústria bélica. Fabricávamos não apenas tanques, melhor dizendo, carros de combate, comprados por países do Oriente Médio, além de metralhadoras, sub-metralhadoras, bazucas, granadas, canhões de médio porte, espingardas, revolveres, aviões de combate e parte da parafernália utilizada no embate de médio porte entre pequenos exércitos empenhados na arte de ataque e defesa a curto prazo. Desenvolvíamos tecnologia aceita pelo chamado Terceiro Mundo, sendo que a produção também bastava para prover nossas necessidades.
Foi no tempo do regime militar, ainda mergulhados no período do “milagre brasileiro” dos primeiros generais-presidentes que isso aconteceu. Muita gente protestava, sugerindo outras finalidades industriais, mas a verdade é que encontrávamos mercado. Antes mesmo que se implantasse a Nova República, porém, fomos perdendo a freguesia. Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China, entre outros, já estavam e mais entraram na disputa. Fomos ultrapassados.
Discute-se hoje nos círculos militares se devemos retomar a tentativa e a resposta surge negativa. Faltam-nos recursos, bem como tecnologia e decisão política. Além do mais, sumiram os estímulos dos cofres públicos para alimentar a parceria com a atividade privada. As prioridades seriam outras, se dispuséssemos de meios. Nos recentes cortes orçamentários sobrou muito pouco para armamento. O resultado é que perdemos para muitos vizinhos de fronteira, sem contar o Chile.
Não há que contar com guerras no continente sul-americano, mas será bom indagar até onde vão as preocupações dos estados-maiores das Três Forças e do ministério da Defesa. Um país de nossas dimensões deverá, no mínimo estar alerta.
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