Elio Gaspari - Folha de S.Paulo
Desde que foi criado, o Ministério da Defesa foi ocupado com suavidade por três civis. Os sábios da caravana de Temer conseguiram duas proezas.
O advogado Antonio Mariz de Oliveira foi convidado e recusou o cargo. Depois apontaram o deputado Newton Cardoso Jr., filho do ex-governador mineiro de estrondosas lembranças. Seu nome saiu da roda depois que apareceu a temível referência ao descontentamento de chefes militares. Nomeou-se o deputado Raul Jungmann.
Deixando-se de lado as qualificações que a equipe de Temer viu em Newton Cardoso Jr., a memória nacional pede que se repita a frase dita pelo marechal Castello Branco em 1964, quando deparou-se com a desordem militar que engolfaria seu governo:
"Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar."
Na anarquia militar do século passado, um dia levaram a um oficial o texto de um manifesto de coronéis contra o governo Vargas. Ele não assinou, pois era "indisciplina". Meses depois, levaram-lhe outro, dando solidariedade ao ministro da Guerra. Também não assinou: "Chefe não pode receber solidariedade de subordinado".
Chamava-se Ernesto Geisel e em 1977 restabeleceu a autoridade da presidência da República sobre os quartéis.
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