Jorge Bastos Moreno - O Globo
Embora o alvo imediato de Renan Calheiros sejam os salários do Judiciário que ultrapassam o teto constitucional, são os ministros do Supremo Tribunal Federal, cuja remuneração baliza o teto, que tiram o sono do presidente do Senado. Ele sabe que o plenário do STF analisará, antes do recesso de fim de ano, a denúncia que pode finalmente transformá-lo em réu.
Trata-se do caso mais antigo entre os que se acumulam contra Renan na Corte, no qual ele é acusado de ter as despesas de uma filha pagas por uma empreiteira. A eventual aceitação da denúncia sinalizará que a hora chega também para políticos poderosos, mas o efeito prático será pouco.
Graças ao pedido de vista do ministro Dias Toffoli, não valerá para o presidente do Senado o entendimento, já majoritário no Supremo, de que réus têm de abandonar cargos situados na linha sucessória da Presidência da República
A demora de anos na liberação da denúncia para voto, obra dos ministros-relatores que se sucederam no caso, poupará Renan de qualquer pena mais significativa, se e quando houver condenação. Parte dos crimes apontados já terá prescrito. Mas fica política e moralmente condenado pela Suprema Corte do país.
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