Folha de S.Paulo – Daniel Carvalho e Ranier Bragon
Alegando desconhecer o texto que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) levou à comissão especial nesta quarta-feira (23) e sem garantia de apoio de todos os partidos para aprovar anistia ao caixa dois, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu adiar a votação em plenário das medidas anticorrupção.
O texto-base foi aprovado na comissão, que, na madrugada desta quinta-feira (24), ainda apreciava os destaques apresentados, o que frustrou a expectativa de se votar algo em plenário logo em seguida. No plenário, a sessão foi encerrada pouco antes da meia-noite. "Precisamos conhecer o texto", disse Rodrigo Maia à Folha. Uma nova reunião foi convocada para as 9h desta quinta-feira. Maia afirmou que haverá sessão normalmente.
Até o início da madrugada, líderes divergiam sobre as condições de se votar em um dia em que o quórum da Casa costuma ser baixo, pois os deputados retornam às suas bases eleitorais. No entanto, parlamentares levam em conta o calendário das delações premiadas dos executivos da Odebrecht. Eles começam a assinar até esta quinta os acordos com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e a força tarefa da Lava Jato, em Curitiba.
Parlamentares temem que a repercussão seja ainda mais negativa se votarem anistia a quem cometeu crime de caixa dois e punição mais rígida a juízes e integrantes do Ministério Público depois que começarem a vazar trechos das delações que devem incriminar mais de uma centena de congressistas.
Por isso, querem aprovar o quanto antes o projeto, que deve ser apreciado pelo Senado também de maneira rápida. De acordo com um deputado ouvido pela Folha, caso o texto fosse aprovado na Câmara ainda nesta madrugada, seria votado no Senado já pela manhã.
Deputados estavam revoltados com Lorenzoni. Em reserva, afirmaram que o texto do relator defende apenas os interesses do Ministério Público, que ele fez "jogo duplo", dizendo uma coisa aos líderes e outra à comissão, e que o gaúcho fez todos de "idiotas".
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