A derrota que o núcleo do PSB pernambucano sofreu no sufrágio eleitoral do deputado Tadeu Alencar, que perdeu a liderança na Câmara dos Deputados para Teresa Cristina, do Mato Grosso do Sul, acendeu uma luz amarela no túnel dos chamados herdeiros de Eduardo Campos no comando da legenda. O final pode ser ainda pior. Em setembro, o bloco paulista tende a arrebatar o diretório nacional, assumindo hegemonicamente o controle da legenda.
Nos últimos 30 anos, pelas mãos do ex-governador Miguel Arraes, o PSB ganhou uma dimensão maior do que o seu próprio tamanho, mas sempre foi visto como uma reserva exclusiva de um poder restrito ao Estado, suporte para Arraes dar seus pitacos na política nacional. Neto e herdeiro político da velha raposa, Eduardo Campos dominou o partido com mão de ferro, como Arraes. Quem ousasse disputar o controle da legenda se dava mal. Ciro Gomes que o diga.
Este não teve sequer o direito de disputar a Presidência da República numa eleição que tinha de fato alguma chance, a de 2010, quando Lula penou para eleger Dilma. A força do grupo pernambucano era tamanha que Carlos Siqueira, atual presidente da executiva nacional, ganhou o direito de ser o sucessor de Eduardo, mesmo sem nunca ter disputado uma eleição de síndico.
Como na vida nada dura para sempre, a morte de Eduardo estimulou o núcleo paulista, liderado pelo vice-governador Márcio França, a ocupar o vácuo de liderança. Em Pernambuco, o partido também passou a se dividir entre as correntes do governador Paulo Câmara e do senador Fernando Bezerra Coelho, que até se davam bem, mas os agourentos se encarregaram de gerar uma cisão entre eles.
Macaco velho, fortalecido pela escolha do filho para o Ministério de Minas e Energia, Bezerra selou uma aliança surda com o grupo de Márcio França e com muita habilidade construiu a eleição de Teresa Cristina para liderança na Câmara, impondo, consequentemente, uma derrota ao governador e, por tabela, ao prefeito do Recife, Geraldo Júlio, que também exerce ingerência no partido.
A eleição para renovação do comando socialista será este ano, entre agosto e setembro. Até lá, o núcleo pernambucano terá que construir uma candidatura para enfrentar o poderio de São Paulo (leia-se Márcio França). Pela conjuntura atual, os paulistas tendem a cantar de galo no terreiro em que Arraes e Eduardo não admitiam nenhum tipo de ingerência.
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