quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Seres inimputáveis: louco, menor e Aécio Neves


Josias de Souza
Presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati fez malabarismo retórico para justificar na semana passada os votos do tucanato a favor da devolução do mandato a Aécio Neves, presidente licenciado do ninho. Segundo Tasso, o refresco servido a Aécio não significava a impunidade. Longe disso: “No meu entender, é dar ao senador Aécio o que ele não teve até agora, que foi o direito de defesa.” Como assim? “Aqui, no próprio Senado, ele vai ter o Conselho de Ética. E, no Conselho de Ética, vai ter que se defender.”
Decorridos cinco dias, o presidente do Conselho de Ética (?!?) do Senado, João Alberto (PMDB-MA), homem de José Sarney, mandou ao arquivo a segunda representação formulada contra Aécio Neves. Brandiu um parecer da Advocacia do Senado. Alega-se no documento que Aécio já foi alvo de um pedido de cassação de mandato por falta de decoro. E não há “fatos novos” que justifiquem a reabertura do caso.
O diabo é que a representação anterior também foi arquivada. E os fatos velhos —R$ 2 milhões da JBS, áudios vadios, malas e mochilas de dinheiro— constituem farto material para uma alentada investigação. As únicas coisas que faltam ao Senado são recato e vergonha na cara.
No Brasil, há seres que são legalmente inimputáveis —os doentes mentais e os menores, por exemplo. Agora, além dos loucos e das crianças, há Aécio Neves. Não importa o que o personagem fez, deixou de fazer ou ainda fará. Reza a Lei da Selva, em vigor no Senado, que Aécio não precisa prestar contas dos seus atos.

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