Folha de S.Paulo – Bruno Boghossian
O governo Michel Temer vai liberar dezenas de cargos para deputados de partidos como PP, PR, PTB e PRB para conter ameaças de rebelião às vésperas da votaçãoda segunda denúncia contra o presidente no plenário na Câmara.
O Palácio do Planalto começou a destravar indicações dessas siglas que estavam represadas devido à demora no processo de análise dos nomes escolhidos para esses postos. O atraso nas nomeações provocava mal-estar entre o governo e esses partidos, especialmente depois que eles ajudaram a barrar a primeira denúncia contra o presidente, em agosto.
Líderes dessas siglas —que integram o chamado centrão— levaram ao Planalto, nas últimas semanas, ameaças de deserção em suas bancadas na votação que deve ocorrer na próxima semana. Para evitar riscos e conter a rebelião, o governo prometeu liberar a maior parte dos cargos até lá.
Algumas nomeações já foram publicadas em portarias internas de cada instituição. Outras devem ser encaminhadas nos próximos dias. Deputados serão contemplados com postos regionais em órgãos como Banco do Nordeste e Ibama, entre outros.
Os caciques das siglas do centrão procuraram o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) para traçar o mapa de nomeações travadas e obtiveram do auxiliar de Temer a promessa de liberação.
O Planalto conseguiu, por exemplo, aplacar a insatisfação de deputados do PP da Bahia que reclamavam da demora na nomeação de seus indicados.
Três líderes partidários disseram à Folha, em caráter reservado, que o movimento do governo saciou os deputados e reduziu o risco para Temer na votação da segunda denúncia. Eles consideram que as deserções em suas bancadas devem ser pontuais.
Em agosto, a Câmara barrou a denúncia por corrupção passiva contra Temer por 263 votos a 227.
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