quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Temer e o extremismo tucano

 Pivô de um episódio que constrangeu a presidente Dilma e causou furor na base governista, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) promoveu, ontem, um jantar em Brasília com a cúpula do PMDB, gerando expectativas e interpretações as mais diversas, a maioria no sentido de que estaria buscando unir o partido para se distanciar do Governo.
Temer não convidou apenas os presidentes do Senado e da Câmara, além dos líderes nas duas casas. Chamou ainda os sete governadores, o que acabou despertando a atenção de toda a mídia, que desconfia com a possibilidade de o PMDB vir a romper com o Governo, isolando, definitivamente, Dilma no Congresso.
Mas o bem informado jornalista Gerson Camarotti, da Globo News, postou em seu blog que o encontro teria uma pauta econômica. Segundo ele, depois de conversa com o ex-ministro Delfim Netto na semana passada, Temer proporia aos governadores do PMDB a elevação em R$ 0,50 da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para a gasolina.
Com isso, Temer apresentaria, na prática, uma contribuição do PMDB ao esforço do Governo para alcançar um superávit primário no próximo ano. No último dia 31, o Governo apresentou ao Congresso a proposta do Orçamento 2016, que prevê um déficit de R$ 30,5 bilhões. Como um percentual da Cide vai para os governos estaduais, Temer quer primeiro afinar o discurso interno antes de apresentar a proposta publicamente.
Enquanto isso, o PSDB, dividido a respeito do que defender para o País em caso de impeachment ou da renúncia da presidente Dilma, reforça o discurso por novas eleições. Vice-presidente nacional da legenda e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, em artigo, questionou a credibilidade do vice, Michel Temer, em assumir a Presidência caso Dilma deixe o poder.
"Se o vice e seu PMDB assumirem, terão condições melhores de governar do que tem Dilma? Afinal eles não estão tão envolvidos tanto nas políticas do atual governo, em todos os setores, quanto nos desvios morais que estão sendo escancarados pelas investigações do MPF e da PF? O vice não foi beneficiado, como dobradinha de Dilma, da corrupção que impulsionou a reeleição? Não seria um novo problema?", perguntou, no texto.
Goldman afirma que o povo quer ver Dilma e o ex-presidente Lula "pelas costas", mas diz não acreditar que Temer "tenha a legitimidade e a capacidade para governar necessários para substituir o PT no poder". "O melhor para o País seria o afastamento da presidente e do vice e a construção de uma saída democrática que se apoie em eleições livres e limpas. Um novo arranjo político para dirigir o País", pregou.

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