De O Globo - Jailton de Carvalho e Carolina Brígido
Tratativa teve uma hora e meia de duração e foi gravada no dia 4 de novembro
A conversa fatal que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a abrir um precedente e decretar a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MT) em pleno exercício de mandato foi gravada num celular por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, num quarto dohotel Royal Tulip, em Brasília. Bernardo gravou os diálogos por discordar do plano do senador, do advogado Edson Ribeiro e do banqueiro André Esteves. Pelo plano, Cerveró deveria omitir acusações contra Delcídio e Esteves e, depois de firmar acordo de delação premiada, fugir para a Espanha.
Ator e produtor da companhia de teatro Sarça de Horeb, Bernardo estudou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio, e graduou-se pela Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança, em 2003.
A conversa, com uma hora e meia de duração, foi gravada no dia 4 deste mês. Pelas investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo teve vários encontros, o último deles na quarta-feira passada. Chamado para a nova reunião, Bernardo decidiu, no entanto, escapar do compromisso e denunciar a trama. No mesmo dia, a advogada do filho de Cerveró, Alessi Brandão, telefonou e depois compareceu à sede da PGR com as gravações. Procuradores ficaram estarrecidos com a ousadia da trama.
Para os investigadores, era inacreditável que um senador da República pudesse apresentar num mesmo pacote a promessa de derrubar a Operação Lava-Jato com manipulação de decisões no STF, no Superior Tribunal de Justiça e, como se não bastasse, e um plano de fuga para o exterior de um réu que, depois de longos meses presos, decidiu colaborar com as investigações.
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