Por Magno Martins
O Brasil viveu, ontem e hoje, dias de profundo silêncio, de uma tristeza amarga e dolorosa. Pernambuco se vestiu de preto, a cor do luto, luto pela morte trágica do ex-governador Eduardo Campos, um dos maiores líderes políticos em ascensão no País.
De
canto a canto, nas ruas, nas esquinas ou nas praças, as pessoas se
grudaram na televisão para acompanhar as notícias sobre a tragédia que
abalou não apenas o Brasil, mas o mundo.
Afinal,
os principais jornais do mundo inteiro lamentaram o ocorrido e
apontaram Eduardo com a cara da renovação e da esperança de melhores
dias para o Brasil.
A
dor da perda é indescritível, mais que triste. Perder qualquer coisa já
é muito ruim, perder alguém que está tão próximo da gente, muito pior.
Dói demais.
Entra
como uma espada rasgando a nossa alma. Eduardo era um político que
fazia a diferença, estava permanentemente em busca de mudança.
Mudanças
de conceito, mudanças de velhos rótulos, do lugar comum, da abertura de
uma política mais inteligente, diferente do pieguismo que observamos
hoje na cena nacional.
Meu
colega Ancelmo Góis, de O Globo, disse que, além da tragédia pessoal,
morreu um jovem promissor em sua profissão, pai de cinco filhos, um
deles com síndrome de Down.
“Estamos
diante de uma tragédia política colossal. Eduardo representava, com
seus defeitos — que nos momentos de consternação são empurrados para
debaixo do tapete — exceção num quadro caquético de homens públicos,
notadamente na Câmara e no Senado”, observou o colunista.
Num
depoimento igualmente emocionado na casa de Renata Campos, ontem à
tarde, o ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro,
não conseguiu segurar as lágrimas: “Eduardo tinha a cara do futuro. Com
ele, morreu um pouco da esperança. Hoje, tenho a sensação de que o
futuro morreu um pouco”, disse ele.
No
Ceará, chorando como uma criança, o humorista Tom Cavalcanti afirmou:
“Eduardo era um homem do bem, pai de família exemplar, amigo do povão.
Como nordestino, me incluo na derradeira homenagem ao ilustre filho”.
E
acrescentou: “A morte traiçoeira leva junto com ela sonhos de um
empreendedor, de um visionário que o Brasil começava a conhecer. Que dó e
que hora mais imprópria para levar alguém que, reativo ao modelo
ultrapassado, saiu da sua zona de conforto para brigar por melhores dias
para o seu País e encontrou o seu fim. Não há de ser em vão sua saída'.
As
escrituras sagradas dizem que há tempo para tudo. Tempo de plantar,
tempo de regar. Tempo de nascer, tempo de morrer. Vida e morte não são
contrárias, segundo as mesmas escrituras.
O
tempo de Eduardo chegou antes, precocemente. Entregou-se ao Brasil de
corpo e alma, estava obstinado para ser presidente. Com quem falava
passava tanta fé e confiança que ninguém deixava de acreditar que seu
propósito seria real.
Eduardo
teve seus sonhos roubados numa tragédia longe do seu Pernambuco que
tanto amava. Com a sua morte, todos nós, pernambucanos, morremos um
pouco também: morre a esperança, morre o futuro, o Estado fica órfão da
sua maior liderança política dos últimos anos.
Com
tanta energia que transmitia, com tanta vida e empolgação que
irradiava, Eduardo era, na verdade, uma criança em alegria. Ele parece
que via o mundo com os olhos de uma criança, sempre com uma alegria
juvenil.
Por
isso mesmo, tinha a convicção – e passava isso para nós – de que o
sucesso não se encontra no final do caminho, nem partida ou na chegada,
mas na travessia. Mas ele não conseguiu fazer a sua travessia.
Pernambuco
está silencioso, triste, oprimido e abatido, porque toda separação é
triste. Triste porque guarda memória de tempos felizes ou de tempos que
poderiam ter sido felizes.
Na separação, mora a saudade. Que saudade o Brasil sente de Eduardo, que saudade Pernambuco sente do seu maior líder!
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