O impacto tem nome bicudo
Aos 94 anos, já com a saúde abalada, o jurista Hélio Bicudo causou um grande impacto ontem em Brasília, no Governo e na sua base no Congresso, com a ideia de protocolar um pedido de impeachment da presidente Dilma. Bicudo é um dos homens públicos mais respeitados do País, homem íntegro, corajoso, que enfrentou o Esquadrão da Morte durante a ditadura.
A repercussão é mais ampla porque Hélio Bicudo foi fundador do PT e seu gesto não é interpretado como algo manipulado pela oposição. Jurista e professor, Bicudo tem sido um militante pelos direitos humanos em toda a sua vida. Homem respeitado internacionalmente por sua integridade e coragem, fez uma trajetória raríssima para alguém quando, já na idade madura, teve a coragem de romper os laços com o PT.
Bicudo vem de uma longa trajetória na vitrine pública. Foi ministro interino da Fazenda no governo João Goulart, procurador de Justiça no Estado de São Paulo e destacou-se no combate ao Esquadrão da Morte e de todas as outras investigações de violações dos direitos humanos que conduziu neste período. Por causa disso, teve o seu nome incluído no Serviço Nacional de Informações.
Em 1981, integrou a 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pela PT, antecessora da Fundação Perseu Abramo. Em 1986 foi candidato ao Senado pelo PT, ficando em terceiro lugar, atrás dos eleitos Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, ambos do PMDB. Foi secretário dos Negócios Jurídicos do município de São Paulo na gestão de Luíza Erundina de 1989 a 1990, ano em que se elegeu deputado federal.
Em fevereiro de 2000, foi empossado como presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com sede em Washington. É o terceiro brasileiro a ocupar a presidência da entidade. Foi vice-prefeito de São Paulo de 2001 a 2004, durante a gestão de Marta Suplicy. Filiado ao PT desde a sua fundação, desfilou-se do partido em 2005. Em 2010 veio a público declarar apoio a Marina Silva no primeiro turno e a José Serra no segundo turno.
Em 2012, apoiou novamente José Serra na disputa municipal paulista. Criou e presidiu no início de 2003 a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, entidade que atuou junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando e acompanhado casos de desrespeito aos Direitos Humanos no Brasil, cujo os processos denunciados e demais sob sua responsabilidade foram transferidos aos cuidados de diversas entidades de mesma finalidade.
Em todos eles sempre lutou por justiça igualitária e pelo fortalecimento dos direitos humanos. Católico, possui opiniões controversas, é contra o aborto e o casamento homossexual, mas essas contradições, presentes em várias pessoas, não o impediu de conquistar avanços significativos para o Brasil.
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