Celso de Mello sai em defesa da corte e diz que Lula ofendeu gravemente o Judciário
O Globo - Carolina Brígido
O mais antigo integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, fez na tarde desta quarta-feira discurso ferrenho em defesa da corte. Ontem, foram divulgadas escutas telefônicas indicando que a presidente Dilma Rousseff teria nomeado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil com o intuito de blindá-lo contra ameaça de prisão. Com o cargo, Lula passaria a ser investigado pelo STF, e não pelo juiz Sérgio Moro, na primeira instância da Justiça Federal. O decano do tribunal garantiu que o foro especial não confere tratamento diferenciado aos poderosos – e que criminosos serão punidos independente do cargo que ocupam.
— A República, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja. Por isso, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país. Condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal — avisou o ministro.
O decano também protestou contra trecho das gravações em que Lula diz a Dilma que o STF era uma corte “totalmente acovardada”. Segundo o ministro, o ex-presidente “ofendeu gravemente a dignidade institucional do Poder Judiciário” com a qualificação “grosseira e injusta”. Ele disse que a atitude é “torpe e indigna” de quem teme a lei. E garantiu que os juízes não hesitarão em condenar quem quer que tenha cometido crime.
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