quinta-feira, 16 de julho de 2009
Agora, a desconfiança
Não tem outra. Depois que o governador Eduardo Campos (PSB) puxou o freio e enquadrou o deputado Inocêncio Oliveira (PR), que ensaiou um grito de independência ao declarar que seu apoio aos candidatos governistas para o Senado estava zerado e que poderia apoiar a candidatura oposicionista de Sérgio Guerra (PSDB), a questão agora é saber até quando será mantido o jogo de cena. O clima de desconfiança já está estabelecido e ninguém garante o que pode acontecer futuramente. A leitura que se faz das explicações do PR é a de que se Inocêncio Oliveira não ousou mais ir adiante, também não recuou tanto quanto era de se esperar, diante da reação do governador. E o termômetro da sucessão presidencial será fatal para todos os lados: governo, aliados e oposição. Se o candidato a presidente da República da oposição, José Serra (PSDB/SP) ou Aécio Neves (PSDB/MG), crescer muito mais do que a candidata governista Dilma Rousseff (PT), é possível que muitos aliados de Eduardo, entre os quais o PP e o PR, pensem em pular a cerca, independentemente das coligações. E a oposição, incluindo o senador Sérgio Guerra, pode ficar sem nada, caso Dilma Rousseff passe a liderar as pesquisas. Há muitas maneiras de apoios numa eleição, sem que as regras eleitorais sejam infringidas. O verdadeiro jogo eleitoral não é feito publicamente. Todo mundo sabe disso. E é por não ser público que, até agora, ninguém sabe exatamente até onde Eduardo chegou para calar tão rapidamente o deputado Inocêncio Oliveira. Há quem diga que o governador não percebeu a ousadia de Inocêncio, que começou a aflorar quando, sem explicitar suas intenções, o deputado fez um desafio, pela imprensa, para Jarbas Vasconcelos (PMDB) disputar o governo do estado. Depois, o deputado se apresentou como um divisor de águas e tentou colocar o governo contra a parede. O Palácio das Princesas, evidentemente, deve ter outra visão de todo o episódio envolvendo o PP e o PR. Agora, sejam quais forem as versões, não há como não se pautar pela desconfiança daqui em diante. E as sequelas éque vão direcionar as futuras conversas. DP,16/07/09.
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