O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em pronunciamento no Plenário do Senado, voltou a pedir o afastamento do senador José Sarney (PMDB-AP) da Presidência da Casa enquanto dure a apuração das denúncias de irregularidades administrativas. Simon argumentou que o presidente Sarney não está em condições de conduzir essas investigações por ter sido ele quem nomeou Agaciel da Silva Maia para a Diretoria Geral, em sua primeira passagem pela Presidência do Senado, em 1995. O senador relembrou que Agaciel Maia foi reconduzido na segunda vez em que Sarney presidiu o Senado, tendo sido mantido, igualmente, em sua terceira eleição.
- Tínhamos que convencer o presidente Sarney que a melhor coisa que ele poderá fazer para sua biografia, e para a nossa, é se licenciar da Presidência do Senado - disse Simon. - Eu falo como amigo de Sarney. Acho que ele deve se afastar porque, dessa maneira, mostraria que não tem razões para ter medo da investigação. Segundo, deixa espaço para que, tranquilamente, se apurem as coisas que devem ser apuradas.
O senador Pedro Simon reconheceu que, como o integrante mais antigo do Senado Federal, ele teria certa responsabilidade com os fatos denunciados, por não haver dado a atenção devida à administração da Casa. Ele lembrou que esta é sua quarta legislatura, o que representa quase 32 anos de mandato. Mas, em sua opinião, não se trata agora de se buscarem culpados para os possíveis erros cometidos. A seu ver, o mais importante é definir o que fazer daqui para frente.
Pedro Simon sugeriu que fosse montada uma comissão externa independente, com um procurador indicado pela Procuradoria Geral da República com o objetivo de apresentar propostas para o funcionamento adequado do Senado no futuro. O parlamentar defendeu o debate das novas propostas em Plenário, com a participação de todos os senadores.
- Temos que resolver essa crise nos reunindo, debatendo, fazendo uma sessão para analisarmos o que é o melhor para o Senado - disse Simon.
O senador lamentou a repercussão pública das denúncias contra o Senado. Ele afirmou que a credibilidade dos senadores está comprometida diante da sociedade, que passa a questionar, inclusive, a necessidade da existência dessa Casa do Parlamento.
- Nós estamos com a sociedade olhando para nós com uma mágoa profunda, achando que o Senado deve fechar - disse Simon. - E, cá entre nós, esta pergunta é importante: para que Senado?
Pedro Simon ressaltou que a existência do Senado se justifica pela necessidade de equilíbrio da federação, com igual número de representantes de cada estado, representado por três senadores.
O senador pelo Rio Grande do Sul afirmou que a crise não deverá arrefecer com a proximidade do recesso constitucional. Na opinião de Pedro Simon, na volta dos trabalhos, em agosto, a situação do Senado poderá estar ainda mais grave.
- Se alguém acha que entrando em recesso amanhã e voltando em agosto isso muda, não muda. Dessa vez, isso não vai acontecer - disse Simon, acrescentando que, se nada for feito, no retorno do recesso a situação estará ainda pior.
Da Redação / Agência Senado
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