O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) anunciou em Plenário, nesta quinta-feira (9), que na manhã de sexta-feira (10) entrará com representações junto ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da União (TCU), pedindo que o presidente do Senado, José Sarney, seja por eles investigado. O objetivo seria a apuração das denúncias publicadas no jornal O Estado de S.Paulo, relativas à captação de recursos da Petrobras, com base na Lei Rouanet. Arthur Virgílio informou ainda que aditou a referida denúncia ao pedido de investigação que havia apresentado anteriormente ao Conselho de Ética do Senado.
Arthur Virgílio disse que não iria insistir na sugestão de afastamento temporário do senador José Sarney da Presidência para que retorne depois do saneamento da instituição. Ele afirmou que a sugestão, que a seu ver garantiria a isenção na apuração das denúncias, já havia sido negada e que, portanto seria grosseria de sua parte insistir na tese. Em sua avaliação, o Senado entrou em um caminho sem volta, porque não há garantias de que não surgirão novas denúncias contra o presidente.
- Há quem possa achar natural que o presidente da principal Casa do Parlamento brasileiro fique, quase que diariamente, se explicando com notinhas telegráficas e sumárias, dando explicações a interpelações dos senadores? - indagou Arthur Virgílio. - Não se esperaria do presidente do Congresso Nacional que estivesse aqui, diariamente, a oferecer novas justificativas. E se novos ataques vierem? E se surgirem novas acusações?
Arthur Virgílio disse esperar que não surjam novas denúncias contra o senador José Sarney. A seu ver, não cabe ao presidente do Senado estar a cada dia apresentando uma nova explicação para uma nova denúncia.
- Deus permita que isso não aconteça - disse ele. - Uma denúncia atrás da outra vai criando um clima de ingovernabilidade aqui nesta Casa.
Arthur Virgílio considerou positiva a determinação do presidente José Sarney de instalar a CPI da Petrobras. Em sua opinião, a comissão vai exigir grandeza do governo para reconhecer os fatos a serem investigados. Ele disse que, se o governo tiver honestidade, saberá expelir de seu convívio as pessoas que forem apontadas à CPI da Petrobras como nocivas àquela empresa, na defesa da própria Petrobras.
Em aparte, o senador Sergio Guerra (PSDB-PE) manifestou seu apoio ao pronunciamento de Arthur Virgílio. Sérgio Guerra ressaltou que José Sarney alcançou a Presidência do Senado sem o voto do PSDB. E que, em meio à crise que atinge a instituição, perdeu o apoio do DEM - que havia defendido sua candidatura, e do PT - principal partido da base do governo, que também defendeu o afastamento de Sarney.
- O Senado está em um quadro deplorável, porque há uma perda de legitimidade - avaliou Sérgio Guerra. - Não é mais o Senado que decide se o presidente Sarney deve ficar ou não, se ele deve se licenciar ou continuar. Foi o presidente da República quem fez isso.
Sergio Guerra defendeu a investigação, pela CPI da Petrobras, dos repasses efetuados pela empresa à Fundação José Sarney, que somariam R$ 1,3 milhão. Ele disse que a empresa não pode estar fora dessa investigação porque foi ela que produziu, autorizou e distribuiu esses recursos. De outra parte, ele entende que houve um privilégio ao senador José Sarney porque, segundo disse, qualquer outra instituição teria muita dificuldade para que a Petrobras liberasse recursos dessa ordem.
Da Redação / Agência Senado
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