O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), anunciou nesta terça-feira (14), em Plenário, o envio ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de pedido de instauração de processo disciplinar contra o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente da Casa. Em sua opinião, Sarney teria mentido ao Senado sobre sua atuação junto à fundação que leva o seu nome, localizada em São Luis (MA), o que configuraria quebra de decoro parlamentar.
Durante pronunciamento de mais de uma hora, que contou com aparte de nove senadores, Virgílio defendeu a imediata aprovação dos nomes dos integrantes do conselho e a instalação, logo em seguida, do colegiado, com a eleição de seu presidente. Ele afirmou ainda ter recebido notícias a respeito de uma suposta quebra de seu sigilo fiscal, que ele interpretou como uma tentativa de intimidação.
- Há suspeitas de que tenham quebrado meu sigilo fiscal e torço para estar equivocado. Estamos vivendo um quadro de absoluta intimidação. Não temi o general Geisel, vou temer agora o general José Sarney? Estou convencido que ele faltou com a verdade, por isso fui ao Conselho de Ética - afirmou.
Virgílio recordou que a Fundação José Sarney tem sido objeto de "graves denúncias" de recursos públicos, provenientes de patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Rouanet. Para obter os recursos, a fundação comprometeu-se a instalar computadores nos corredores do museu, instalado em um convento histórico no centro da capital do Maranhão, para que os visitantes pudessem consultar documentos referentes ao período em que Sarney ocupou a Presidência da República. Até junho, porém, nenhum computador havia sido colocado à disposição dos visitantes, segundo o senador.
Virgílio citou reportagens publicadas em diversos órgãos da imprensa, segundo as quais empresas prestadoras de serviço com endereço fictício teriam ficado com R$ 500 mil, de R$ 1,3 milhão destinados à fundação. Em resposta, prosseguiu o senador, Sarney informou que não tinha responsabilidade administrativa sobre a fundação.
- Entretanto, o presidente José Sarney faltou com a verdade no Plenário do Senado Federal, ao fazer essa afirmação. Segundo os estatutos da fundação, o seu presidente vitalício é José Sarney. Quando ele morrer, a presidência caberá à sua mulher. E, depois da morte dela, a cada um dos três filhos. Na falta deles, assumirá um dos netos, em seguida outro, e assim sucessivamente. É um negócio familiar, que sempre terá responsabilidade gerencial da família Sarney - disse Virgílio.
Segundo o estatuto da fundação, recordou o líder do PSDB, cabe ao presidente do Senado assumir as "responsabilidades financeiras" da organização.
Da Redação / Agência Senado
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