Presidente nacional do PSDB reconduzido ao cargo recentemente, o senador Sérgio Guerra está dedicando quase todo seu tempo à crise do Senado, na tentativa de garantir o afastamento do presidente do Congresso Nacional, José Sarney. Ele critica a postura do presidente Lula de segurar o aliado no cargo e vê nisso puro interesse eleitoral para assegurar o apoio do PMDB à candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff. Mas Guerra também está atento ao plano político local, certo de que a aliança entre seu partido, PMDB, DEM e PPS terá uma chapa forte, no próximo ano. O tucano garante que o senador Jarbas Vasconcelos será o cabeça-de-chapa e só está aguardando o melhor momento para oficializar a candidatura a governador.
O Senado vota, essa semana, o quê?
O Senado é obrigado, por lei, a votar as Leis de Diretrizes Orçamentárias, que é a lei que orienta a formação de orçamento do outro ano. Se nós não votarmos a LDO, não temos recesso, quer dizer, não tem aquela folga que, antes era de 30 dias, e agora é de 15. Eu acho que o Senado deve votar a LDO, eu vejo muitos problemas na LDO, que é a proposta do Governo, e é bem imprevisível o que vai acontecer. Mas normalmente o governo cede nas negociações para votar a lei que ele precisa. Eu tenho a impressão que o Senado deve, apesar de todo o tumulto, votar a LDO porque tem duas chances: ou vota ou não tem recesso.
O que deve mudar na LDO?
Ela discriminaliza muita gente. E quer tirar o Tribunal de Contas da União da fiscalização das obras do Governo. Quer liberar a possibilidade das obras continuarem mesmo sob fiscalização do TCU e terem recursos federais porque hoje está proibido. Eu acho que nós não vamos votar isso, eles vão ter que mudar e essa não é a primeira tentativa de votar isso, é a segunda ou terceira.
Mas saindo o Tribunal de Contas, quem faria essa fiscalização?
Ninguém. Eles querem que a fiscalização se dê depois da obra. A alegação é que o Tribunal paralisa muitas obras. Verdadeiramente o Tribunal é devagar, devia ser mais rápido, mas o fato que é melhor ter uma fiscalização assim do que não ter nenhuma. É tal coisa da CPI da Petrobras. Evidentemente, que é um problema para a Petrobras, mas é aceitável que não seja fiscalizada, ela não é fiscalizada? Ela tem a auditoria interna dela, que é aquém de diretoria. As auditorias de balanço, essas são feitas na bolsa de Nova Iorque, na bolsa do Brasil e tudo. Essas auditorias não são sobre balanço, não são sobre operação, não são sobre o que está acontecendo lá dentro. De maneira que é uma monumental caixa-preta que precisa ser vista.
Esse tiroteio que está sofrendo o seu líder do PSDB, Arthur Virgílio, é fruto de quê?
Do fato de ele ter sido quem mais combateu a máfia que controla o Senado. Ele que abriu a boca, ele que falou mais alto e que está levando maior porrada.
E o que o PSDB vai fazer para evitar?
Solidário com ele. As acusações contra ele são débeis, falsas não são, mas são débeis, não afetam o prestígio dele.
E o Sarney permanece?
O Lula podia ter segurado o Sarney por várias razões. A primeira razão é que ele não tem quem colocar no lugar. A segunda razão de Lula é que ele arruma confusão com o PT dele. A terceira razão de Lula é que ele segura mais o PMDB para a candidatura da Dilma. A questão é a seguinte: o Senado está afundando, a população está indignada e eu acho que é importante é salvar o Senado, não é fazer campanha da Dilma agora, Lula está fazendo campanha da Dilma.
É verdade que recebeu uma denúncia informal no aeroporto do Rio?
Estava no aeroporto do Rio, essa semana, e de repente se aproxima alguém de mim e coloca no meu bolso, duas ou três frases indicando problemas internos na Petrobras. Então é pra dar uma ideia de como está isso, a gente recebe e-mail, carta, correspondências de vários tipos. E são mais de uma centena, já com comentários sobre a Petrobras e muitas vezes denúncias.
Esse recesso é ruim para a CPI?
É sim, porque já é mais uma forma de adiar a CPI. O que eles querem é esfriar a CPI. Eu falo com o Renan: “Vamos instalar a CPI?”. E ele fala: “Eu sou a favor, vamos fazer”. E tá a cinco metros do Mercadante do PT, e diz: “Aluízio vamos fazer a CPI?”, que responde: “Não é possível, isso é um absurdo! Não, não, vamos fazer! O Renan parece que não tá a favor”. Eu digo: “Renan, o Aluízio tá dizendo que você não tá a favor”. E ele: “Não rapaz, eu estou a favor. Não é bem assim, fala lá com o Gim Argello”, que agora é uma grande personalidade lá do PTB, e aí quando juntam-se os três ninguém fala nada. Quer dizer que é uma palhaçada e eu vou protestar muito porque esse pessoal está levando o Senado para baixo.
Se os partidos do Governo não indicarem seus representantes, pode-se instalar a CPI?
Não pode instalar. A Justiça vai instalar a CPI. Vamos recorrer ao Supremo. Vai se criar um ambiente para que a CPI não funcione. Aí a Justiça vai e manda instalar, no primeiro dia eles instalam e no dia seguinte eles não vão de novo. Por isso, tem que ter entendimento, tem que ganhar a opinião pública.
A Petrobras se constitui num dos maiores ambientes de corrupção do Governo?
É uma grande pena. Tem muita coisa boa na Petrobras. É uma excelente empresa, mas tem setores que foram infiltrados lá, e hoje estão promovendo vantagens pra partidos, pessoas, e muitas vezes corrupção. Não tenho a menor dúvida, as denúncias estão aí, o próprio Tribunal de Contas já comprova isso. Para te dar uma ideia, a Petrobras tem mais de seiscentos funcionários advogados, cuidando somente do Tribunal de Contas da União, do capítulo que diz respeito a Petrobras. Isso não está certo. Ninguém fiscaliza a não ser o Tribunal de Contas e ele não consegue fiscalizar. Tem vários documentos no Tribunal de Contas dizendo que pede informação e não vem, que as informações vêm trocadas, que é um obstáculo à fiscalização.
Entrando na questão da política de Pernambuco, Jarbas, pelo que o senhor tem conversado com ele, está mais propenso a ser candidato a governador ou não?
Se tiver união do nosso lado, se a gente se juntar com objetivo claro, disputar a eleição para ganhar, para competir, não tenho a menor dúvida que Jarbas será nosso candidato. Nenhuma dúvida. Temos tempo para isso.
Quando o senhor fala em união, o senhor teme o que, quem é que vai atrapalhar?
Essa discussão agora, se vai ter ou não coligação de deputado estadual, não ajuda a ninguém. Eu fui a várias convenções aí, e as coligações se resolviam na hora, até durante a convenção. Deixa a união aberta para ver como é que vai ser feita, eu já ouvi isso. Agora, querem resolver com um ano e meio de antecedência, não dá, tá errado, tem que ter tranquilidade.
O senhor não acha que Jarbas deu um prazo muito longo, até janeiro? Não acha que ele já deveria ter resolvido agora, já só falta um ano para as eleições?
O próprio Eduardo, governador, está dizendo que só vai cuidar da chapa dele ano que vem. José Serra está dizendo que só vai cuidar ano que vem. Era melhor que já tivesse uma definição sobre isso, mas eu compreendo a razão de Jarbas. Tem que deixar o tempo amadurecer um pouco.
Mas o governador está em campanha...
E não se pode dizer que Serra não está, que Aécio também não está. A Dilma está, porque a Dilma não deixa de ser candidata.
Mas o senhor pode pedir um prazo novo a ele, faltando um ano para as eleições de outubro ou coisa assim?
Eu posso continuar o que já estou fazendo, conversando sempre com ele, e vamos chegar ao entendimento, no final. Nós vamos ter um candidato. Eu estou trabalhando na minha eleição de senador. Trabalhando mesmo, mostrando o que eu fiz. Eu observei algumas pesquisas. A população me conhece muito mais hoje do que antes, a sociedade do litoral me conhece muito mais hoje, porque eu apareci como senador, como político. Mas o senador é alguém que trabalha muito longe do povo. O Senado é negócio remoto, a população nem entende direito para que serve. E aí você tem que chegar para o povo e mostrar e fazer o que eu estou fazendo. E tem gente que se incomoda porque diz que eu ajudei Eduardo numa coisa, ajudei não sei quem. Se me pedirem para ajudar o PT numa coisa a favor de Pernambuco, eu ajudo sem problema nenhum.
Já gerou muitos ciúmes essa sua aproximação com o governador, inclusive essa semana tem uma nota na Isto é, dizendo que o senhor é o senador lá e ló, e aí?
Eu não quero agradar a ninguém, é incompreensível, é coisa que saiu daqui, fofoca local, mas não é nada disso.
O senhor ficou incomodado com essa afirmação?
Eu não estou. E tenho certeza que Eduardo não está também. Então qual é o problema? O Jarbas nunca me falou desse assunto. Eu não entendo. Eu não estou preocupado com isso.
Mas o Jarbas não é de falar essas coisas?
Quando acha necessário, ele passa. Ao contrário, ele é um cara muito transparente.
Nessa viagem que vocês foram para a Suécia, vocês não tocaram em nada desse assunto?
Tiveram muitos assuntos, nesse não. Conversamos como sempre conversamos, depois que a gente chegou me meti numa confusão aí nacional, mas amanhã ou depois eu vou atrás dele para a gente conversar. Olha, não tem nada disso. Isso é fantasia. O que tem rigorosamente é o seguinte: a gente tem que fazer uma campanha nacional e local. Tem que ter unidade, objetivo. Esse jogo está começando, a gente nem sabe quem é o candidato da oposição, se é a Dona Dilma mesmo, se ela vai até o fim, se não é ela, se é Serra do nosso lado, se é Aécio.
Há algum acordo para Jarbas sair candidato e o senhor à reeleição junto com Marco Maciel?
Não tem acordo nenhum. Eu sou candidato a senador. Pra ganhar ou pra perder. Eu acho que para ganhar.
O senhor é o presidente nacional do partido, ou seja, um projeto nacional, mas sempre esteve preocupado com o local?
Desde quando era deputado estadual, depois deputado federal, por duas legislaturas, por mais de oito anos eu coordenava a bancada daqui, só para cuidar dos assuntos do Governo de Pernambuco, de Arraes, de Joaquim, dos deputados, dos governadores, de todos daqui. Por que vou mudar minha forma, só porque Eduardo é o governador agora? Eu já trabalhei com Eduardo, ele trabalhou comigo, eu conheço ele, ele me conhece. Eu sou senador de Pernambuco, ele é o governador, isso é conversa de elefante, coisa da pré-história. Lá e lô coisa nenhuma. Quando chega na eleição de prefeito, quem foi para o palco foi eu, quem foi pro interior disputar a eleição segurar luta foi eu. Aqui não, Mendonça foi candidato, disputou a eleição, nós tivemos um candidato do PMDB que apoiamos, que foi Raul Henry, e teve bela votação. No interior, na área metropolitana, quem foi para a briga fomos nós. Briga não, disputa, com quem? Com o PSB, com PT, com o PTB, com os partidos do Governo. Isso é que é coisa real, o resto é fantasia.
Quando o senhor diz “eu sou candidato a senador”, não depende da chapa do governador?
É muito importante ter uma chapa boa para que o candidato a senador possa disputar a eleição e ganhar, isso é verdade. Nós estamos trabalhando para isso. Eu acho que eu tenho apoio político para ser candidato, eu tenho razão popular para ser candidato. E não tem ninguém, ou nenhum iluminado que vai descer aqui e vai dizer: “Sérgio Guerra quer ser senador por quê?”.
Mas vamos supor que a oposição vai dizer que o senhor vai ser candidato só para constar, feito um Raul,Henry da vida.
Ninguém vai fazer isso. Nós temos uma eleição para governador, para senador, nós temos eleição para bancada estadual, de bancada federal, presidente, estamos disputando todas, como é que vamos ter candidato de fazer de conta? Não vamos, vamos disputar eleições.
Então, Jarbas é candidato?
É. Claro que é. É minha cabeça.
Magno Martins
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