quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Dilma derrota Cunha e elege Picciani líder do PMDB

Da Folha de S.Paulo
Por 37 votos a 30 (e dois em branco), os deputados federais do PMDB elegeram hoje, em votação secreta, Leonardo Picciani (RJ) como líder da bancada, aplicando uma grande derrota ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que patrocinou e se empenhou pessoalmente pelo candidato derrotado, Hugo Motta (PB).
O resultado tem pelo menos três efeitos diretos: 1) deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente por Cunha; 2) diminui um pouco a resistência aos projetos de ajuste e aumento de receita que o governo pretende ver aprovados; 3) e tem potencial de reforçar a pressão pelo afastamento do peemedebista da presidência da Câmara, decisão que o Supremo Tribunal Federal deve tomar nas próximas semanas.
Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado.
A avaliação de aliados e de adversários era a de que uma vitória era fundamental politicamente como demonstração de que ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo.
Cunha passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua. A derrota, porém, mostra que o presidente da Câmara perdeu força em seu próprio partido, de quem foi líder de 2013 a 2015.
Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou pela candidatura de Hugo Motta. O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar em Picciani.
MINISTROS
Ex-aliado do presidente da Câmara, Picciani rompeu com o peemedebista e se aproximou do governo Dilma, de quem ganhou o poder de indicar ministros na reforma que a petista fez em seu primeiro escalão. Picciani, então, passou a ser abertamente contrário ao pedido de impeachment contra Dilma, cuja tramitação foi deflagrada por Cunha.
Reconduzido à função de líder da bancada, Picciani terá o poder de indicar os integrantes do partido para a comissão do impeachment, além do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a principal da Câmara. O pedido de impedimento de Dilma teve a tramitação anulada pelo STF no ano passado, mas ela deve ser retomada após o tribunal julgar os recursos apresentados pela Câmara.
Após romper com Picciani, Cunha passou a atuar nos bastidores contra ele. O presidente da Câmara foi o principal patrocinador da manobra que levou em 2015 Picciani a perder, por alguns dias, a liderança da bancada para Leonardo Quintão (MG), outro que também rompeu com Cunha posteriormente.
Neste ano, construiu a candidatura de Hugo Motta, deputado de 26 anos com quem mantém estreita relação na Câmara.


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