Polêmico, como é da sua natureza, o deputado federal Sílvio Costa (PTdoB), que não tolera o PT, mas, incrivelmente, transformou-se, de uma hora para outra, no mais ardoroso dilmista, meteu, ontem, a sua colher na discussão envolvendo a nomeação do jovem João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, para chefia de gabinete do governador Paulo Câmara (PSB).
Silvio tem uma enorme capacidade de criar fatos. Chegou ao Congresso na condição de um reles de integrante do chamado baixo clero e, em menos de seis meses do seu primeiro mandato, conseguiu a proeza de ser notícia. Não é fácil para um parlamentar de primeiro mandato atrair os holofotes no Salão Verde da Câmara. Ousado, atrevido e corajoso, Costa abriu um paradigma. Ganhou notabilidade.
Hoje, provavelmente, talvez seja mais respeitado e projetado em Brasília, entre os corredores do Congresso e a Rampa do Palácio do Planalto, do que mesmo na província. Consciente de que Eduardo se foi e a oposição ainda não mostrou a cara nem disse a que veio na Assembleia, Silvio Costa resolve dá um timing da inserção nacional para jogar pimenta, no plano local, no angu sem caroço em que se transformou a nomeação do filho de Eduardo.
Para ele, não houve apadrinhamento nem prática de nepotismo. Não houve, igualmente, tentativa de instalação de uma capitania hereditária por parte da família de Eduardo. “O que aconteceu de fato foi uma intervenção”, sugere ele. Com a ressalva de que o jovem é preparado e pode ter futuro na política, o vice-líder do Governo Dilma na Câmara dá uma interpretação que pode jogar mais lenha na fogueira.
“É de espantar, mas já tinha sido previsto. Mesmo com pouca idade, João Campos já tem postura de líder. A questão é que, de forma transparente, o ato deixa claro a influência descomunal da família do ex-governador sobre o Poder Executivo de Pernambuco. Lembro que, no processo de escolha, eu sempre disse que o PSB indicava Paulo Câmara para ser "governado", e não ser o governador”, afirmou.
Na interpretação de Silvio, na prática o PSB reconhece que o governador dá demonstrações no dia a dia de que não consegue liderar o Governo e sua aliança política, o que tem acarretado uma série de problemas administrativos e políticos, com repercussões graves na vida da população, a exemplo da segurança pública e da saúde.
“O PSB, insiste Silvio, colocou o filho do ex-governador para tentar arrumar a casa. Não tenho nenhuma dúvida de que o rapaz terá o papel de influenciar nas decisões do Governo. Pode-se traduzir esse papel, de maneira polida, em monitorar, avalizar, endossar, corrigir rumos. Ao mandar Paulo Câmara nomear João Campos seu chefe de gabinete, o PSB estabelece uma intervenção no Governo. Daí, deduz-se que Paulo Câmara não consegue ser governador, e sim "governado", completa.
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