segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Coragem para evitar o fim. PMDB cobra estratégia para crise na Petrobras

Por Moreira Franco
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães ( PMDB )
O mercado de petróleo passa por mais uma crise, já são seis em 43 anos, de consequências críticas para a maioria do países, com preços próximos a US$ 20/barril, quando em 2008 custava US$ 140. Esta instabilidade, intrínseca à natureza do negócio, certamente é ajudada pela insensatez de alguns governantes. Que a potencializam, provocando no mundo desemprego, inflação, desorganização financeira, desigualdade social e crise política.
No Brasil, é um dever de quem governa, seja Executivo, Legislativo e, hoje, até mesmo no Judiciário, não permitir que decisões e práticas erradas nos levem de volta à década de 80 e às mazelas econômicas, sociais e morais que interromperam quase um século de crescimento praticamente contínuo do país. O atual contrachoque lembra o de 1986, e não podemos permitir que a política de agora padeça dos equívocos e preconceitos da que foi adotada à época. Nem que se interrompam as investigações dos ilícitos que quase destruíram a maior empresa brasileira.
Mesmo com a confiança destroçada, debilitada financeiramente, fortemente endividada e a autoestima baixíssima, a Petrobras está umbilicalmente ligada ao risco soberano do país em consequência da função que desempenha na economia do Brasil.
A estratégia que o governo adota para enfrentar o problema não é coerente com a percepção correta desse papel. Não se trata de uma crise qualquer, em uma empresa qualquer, de um país qualquer. Mas da fragilidade de uma das maiores empresas de óleo e gás do mundo, além de ser a que mais contribui para a geração do PIB nacional da oitava ou nona economia do planeta.
Esta crise não pode ser tratada, somente, como uma enorme dificuldade financeira nem como um grave desequilíbrio de governança ou nos seus padrões morais. Nem com a crença de que a principal preocupação do mercado é o valor de suas ações e o tamanho de sua dívida. Todos sabem que, se bem operada e com um plano de negócios que respeite a natureza do setor, a empresa supera esses desafios momentâneos.
A inquietação e a insegurança que atormentam e a todos unem é a ausência de uma estratégia para a Petrobras, assumida politicamente pelo governo. Clara, transparente e defendida em debate com a sociedade. Mas, as autoridades não veem, não acreditam que não ter uma estratégia e uma agenda bem focada é o verdadeiro problema. A empresa e o setor no Brasil se misturam, as soluções são interdependentes e no mesmo rumo.
As iniciativas da direção da empresa, por enquanto, se circunscrevem às soluções financeiras. Enganam-se. Antes de qualquer corte de investimentos, de custo ou mesmo de venda de ativos, é urgente a apresentação à sociedade e ao mercado do Plano Estratégico da Petrobras.
Sem ele, é quase uma irresponsabilidade, que beira a gestão temerária, os anúncios que a empresa faz desde 2015. Mesmo na atual situação de colapso dos preços, com dívidas altíssimas e prejuízos gigantescos, um plano estratégico com prioridade na regulação, e não na arrecadação, com a retomada dos leilões de concessão, certamente daria mais confiança à recuperação da Petrobras.
As empresas de petróleo, por força das características, planejam a médio e longo prazos. Se o plano for claro, previsível, incorpore parceiros privados e assegure segurança jurídica, a confiança na recuperação futura prevalecerá sobre o mau momento vivido pelo setor.
A aprovação do projeto do senador José Serra que modifica a Lei da Partilha é um primeiro e importante passo nessa direção. O presidente do Senado, Renan Calheiros, ao pautar a sua votação, contribui para começar a afastar a crise. Afinal, o país não pode ficar sentado à beira do caminho, esperando a morte chegar.

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