Admitir antecipar eleição revela incapacidade de governar até 2018
Blog do Kennedy
O fracasso de Dilma Rousseff na economia dificulta a ideia de tentar antecipar a eleição presidencial de 2018. A presidente afastada propôs uma “consulta popular” a respeito desse tema em entrevista à TV Brasil.
A ideia é uma tentativa do PT de conseguir 27 votos no Senado para barrar a aprovação do impeachment. Dilma vinha sofrendo pressão de parcela do partido para fazer essa proposta desde o início do ano, quando ficou claro que o pedido de impeachment seria aprovado. Mas ela resistiu.
Auxiliares avaliavam que, no cargo, uma proposta desse tipo teria mais força. Hoje, afastada, a proposta tem menos peso. E também funciona como uma confissão de que não teria como governar até o fim de 2018. Apesar de ser um gesto para tentar reverter a aprovação do impeachment, é baixa a chance de sucesso da articulação. Há obstáculos demais.
Teria de ser aprovado um plebiscito pelo Congresso. Dilma teria de marcar data de entrada e também de saída do governo, porque há o medo de que, se barrar o impeachment, ela abandone essa articulação.
Haveria impacto negativo sobre a economia. O mercado financeiro e o empresariado aprovam e apoiam a equipe econômica de Michel Temer. O presidente interino também teria de concordar em abrir mão do poder caso voltasse a ser vice.
Dilma pensa em escrever uma espécie de carta com compromissos para dizer o que faria num eventual retorno ao Palácio do Planalto, mas a credibilidade dela foi consumida pelo fracasso na economia. Só um impacto tremendo da Lava Jato sobre o governo Temer e a classe política daria alguma chance de êxito a essa ideia de antecipar a eleição presidencial.
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