O ex-ministro Paulo Bernardo ao deixar a sede da PF em São Paulo após seis dias de prisão
Folha de S.Paulo - Bela Megale
O ex-ministro Paulo Bernardo foi solto na noite desta quarta-feira (29) depois de passar seis dias preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo.
Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Paulo Bernardo foi preso quinta (23) na Operação Custo Brasil um desdobramento da Lava Jato, que investiga desvios do Ministério do Planejamento. O petista é acusado de ter se beneficiado de propina de contratos da pasta que perduraram de 2010, quando ele estava à frente do ministério, a 2015.
Ao deixar a prisão, por volta das 23h, o ex-ministro disse que se sentia "constrangido". "Acho que foi para isso que eu vim aqui. Sou inocente, isso vai ficar demonstrado. Essa prisão não era necessária. Eu estava em local encontrável, me coloquei à disposição da Justiça várias vezes para depor e durante dez meses. Felizmente, o ministro Dias Toffoli, do Supremo, teve o mesmo entendimento", disse Paulo Bernardo.
Em decisão nesta quarta, Toffoli afirmou que não há elementos no processo que justifiquem a manutenção da prisão preventiva, como uma possível fuga de Paulo Bernardo para o exterior ou o risco de interferência nas investigações e cometimento de novos crimes se colocado em liberdade.
O juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, responsável pela condução do caso e que havia determinado a prisão preventiva do petista na semana passada, disse que a detenção deveria ocorrer "para garantia da ordem pública, da instrução criminal e para aplicação da lei penal".
Questionado sobre a suspeita de ter recebido propina por meio do seu advogado Guilherme Gonçalves, que, segundo as investigações, pagou despesas do petista, ele afirmou que "isso não tem o menor cabimento, minhas despesas são pagas com meu salário".
Paulo Bernardo disse ainda que sua prisão foi embasada nas delações premiadas do ex-vereador Alexandre Romano, o Chambinho, e do ex-senador Delcidio do Amaral, em que "houve muita manipulação".
O ex-ministro afirmou também que o Ministério do Planejamento não tem nenhum contrato com a Consist, empresa suspeita de fazer parte do esquema de desvio.
"Ela foi contratada pela Associação de Bancos e pelo Sindicato da Entidades de Previdência Privada. Quem quiser esclarecer isso deve falar com os bancos e essas entidades. Como foram esses contratos não temos a menor ideia", disse.
"Não tenho nenhuma relação com a Consit. O delegado esteve me visitando e perguntei para ele: 'O senhor teve o cuidado de perguntar para a Consist se ela tem alguma relação comigo?'. Acho que ele vai fazer isso", completou.
Sobre o fato de Gonçalves prestar serviços para a Consist, Paulo Bernardo disse que ele "advoga para 300 pessoas", e que era necessário fazer as perguntas a ele.
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