Sondado pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB), o deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos só não será presidente da Câmara dos Deputados para o mandato tampão de seis meses se não quiser. E ele não quer. Experiente e respeitado quadro histórico do PMDB no Congresso, Jarbas aceita, sim, e já colocou seu nome à disposição, entrar na disputa por um mandato legal, de dois anos, como determina o regimento e as regras da Casa.
O regimento não permite a reeleição e em seis meses Jarbas nada poderia fazer para moralizar a Câmara, como é o seu desejo e reclamo da sociedade. Presidente afastado e ameaçado de cassação, Eduardo Cunha (RJ), da banda podre do PMDB de Jarbas, levou o parlamento ao fundo do poço. Há na Casa, segundo levantamento extraoficial, mais de 200 deputados que trabalharam pela eleição de Cunha por ter sido ajudado financeiramente por ele.
O que se diz nos corredores e no salão verde da Câmara é que esse grupo é feito boiada, sendo tangido por Cunha. Só vota em quem ele mandar. Mesmo assim, Jarbas tem chances de ser eleito se vier a ganhar de fato apoio decisivo e efetivo de Temer. Como a eleição que Jarbas está de olho só será travada em fevereiro do ano que vem estando o presidente em exercício com seu governo consolidado, neste período, Jarbas seria eleito facilmente.
Segundo antecipou, ontem, a Folha de São Paulo, emissários de Temer fizeram consultas a deputados para saber como Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) seria recebido para o lugar de Cunha. Ele quer sentir a receptividade ao nome do ex-governador. De olho também no cargo, o deputado baiano José Carlos Aleluia (DEM) antecipou ao Frente a Frente, em entrevista na quinta-feira passada, que retira seu nome em favor de Jarbas.
Sabendo tratar-se de uma transição complexa, Jarbas não quer e deve surgir outro nome. Enquanto isso, o vice-presidente Waldir Maranhão, que assumiu, interinamente, com a ausência de Cunha, decidiu se sentar na cadeira de presidente da Câmara com todos os direitos e poderes do cargo. Demitiu a chefe de gabinete de Eduardo Cunha e avisou que, assim como Temer fez quando assumiu o lugar de Dilma Rousseff, quer renovar a equipe toda.
Aos interlocutores mais próximos, ele disse que pretende imprimir sua agenda sem se importar se a interinidade vai durar cinco dias ou dois meses. Maranhão ouviu o galo cantar e não sabe aonde. Se de fato houver a vacância do cargo, o que deve ocorrer logo, em no máximo 30 dias a Câmara terá um novo presidente eleito. Não será Jarbas, que, volto a repetir, aceita fazer a faxina da Casa num mandato de dois anos, a partir de fevereiro.
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