domingo, 12 de junho de 2016

Um mês de governo Temer: vitórias e turbulências


Folha de S.Paulo - Valdo Cruz e Gustaavo Uribe
Em um mês à frente do Palácio do Planalto, completado neste domingo (12), Michel Temer frustrou expectativas políticas de um lado, agradou na economia, conseguiu aprovar medidas que dormiam nas gavetas do Congresso e viveu dias de turbulência depois que a Operação Lava Jato chegou perto da cúpula do seu partido, o PMDB.
Criticado por montar um ministério com nomes citados na Lava Jato e sem mulheres, Temer perdeu dois titulares de pasta logo de saída, Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).
Em seguida, a Procuradoria-Geral da República pediu a prisão de aliados como Jucá, Renan Calheiros, José Sarney e Eduardo Cunha, gerando dúvidas sobre o futuro do julgamento do impeachment no Senado e a consequente permanência de Temer no Palácio do Planalto.
Neste curto espaço de tempo, deu ainda munição à presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), com as idas e vindas de seu governo. Extinguiu e recriou o Ministério da Cultura e obrigou ministros a se retratarem, como Ricardo Barros (Saúde), que anunciou que era preciso rever o tamanho do SUS e depois recuou.
Foi festejado por empresários ao escalar Henrique Meirelles na equipe econômica, Pedro Parente na Petrobras e Maria Silvia Bastos Marques à frente do BNDES. E deu demonstração de força no Congresso Nacional ao aprovar medidas como a DRU (mecanismo que desvincula receitas da União).
Neste um mês de governo, sob pressão tanto de aliados como de adversários, o peemedebista abriu mão do estilo reservado e paciente e passou a fazer desabafos e a manifestar sinais de irritação.
Em conversas com assessores e aliados, reclama da pecha de "golpista" dada a ele por Dilma, das acusações de tentar blindar o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do envolvimento de auxiliares em escândalos de corrupção.
Com as insinuações de que o impeachment teve como objetivo "estancar a sangria" da Operação Lava Jato, passou os últimos 30 dias repetindo ter compromisso com as investigações da Polícia Federal e que o governo interino não fará interferências.
Irritado com os protestos de movimentos de esquerda contra ele, chegou a dar um tapa na mesa em uma reunião televisionada e fez críticas em pelo menos três discursos oficiais aos manifestantes. "Enquanto protestam, nós passamos", afirmou.
Na tentativa de aproveitar uma espécie de "lua de mel" com o Congresso Nacional, passou a dormir tarde e a acordar cedo, transformando o Palácio do Jaburu em uma espécie de quartel-general das negociações políticas.
No dia da aprovação da meta fiscal, por exemplo, acompanhou a votação até as 5h e já estava de pé às 8h.
Em paralelo à agenda oficial, divulgada publicamente, tem cumprido uma agenda secreta de jantares e cafés da manhã com deputados e senadores no Jaburu.
Dentro de sua equipe, assessores defendem o estilo de idas e vindas do chefe neste um mês de governo dizendo que "o ônus das críticas" será recompensado pelo "bônus das aprovações de medidas dentro do Congresso".
Um amigo destaca que a interinidade impõe "certos limites" na atuação do peemedebista. Segundo ele, é algo parecido como andar em areia movediça, cada passo tem de ser muito pensado.

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