Presidente Lula, durante encontro com o governador de Minas Gerais Aécio Neves no Palácio do Planalto. Brasília 07/10/2003. Foto: Marcelo Botelho
Helena Chagas – Blog Os Divergentes
Não foi só Fernando Henrique que conversou horas com Fernando Haddad outro dia em São Paulo – o que não tem nada demais e é sinal de civilidade política, uma característica dos dois personagens. O infortúnio une, e há outros movimentos de aproximação entre caciques petistas e tucanos. Um deles, ocorrido há poucos dias, envolveu interlocutores do próprio Lula, que o representam, e o senador Aécio Neves.
Não se trata de um típico acordão, pois não está nas mãos dos tucanos livrar Lula da cadeia ou da inelegibilidade, e nem na dos petistas fazerem o mesmo por Aécio. Mas as duas forças que, pelo menos até ontem, eram as principais da política brasileira, têm hoje interesses comuns.
Juntas no Congresso, por exemplo, podem comandar um movimento de reação legislativa, tentando aprovar mudanças em dispositivos e leis que podem aliviar a situação dos acusados e condenados da Lava Jato. Abuso de autoridade, condenação após segunda instância, foro privilegiado estendido a ex-presidentes, anistias e tudo o mais que a criatividade política que surge na hora da necessidade puder inventar está no jogo.
Capitaneado pelo PT e pelo PSDB, apostam os articuladores que esse movimento teria o pronto apoio do MDB e de outros partidos – afinal, é para salvar a todos. E também para seguir adiante com reformas institucionais que limitem os poderes do Judiciário, do Ministério Publico e de outras instituições que hoje estão em confronto com o Executivo e o Legislativo.
Minas Gerais, onde Lula deve lançar semana que vem sua candidatura a presidente, terá papel importante e pode ser o principal terreno da aproximação PT-PSDB.
Sob a coordenação do governador Fernando Pimentel, um acordo informal – bem do jeito que os mineiros costumam fazer – começou a ser conversado. Ele passa pela reeleição de Pimentel para o governo e pela de Aécio para uma das duas vagas no Senado agora em outubro. Nada oficial, mas está nas mãos de Pimentel apresentar algum candidato não tão competitivo assim para senador e dar uma força a Aécio, que, por sua vez, “cristianizaria” o candidato formal do PSDB à sucessão do governador, se tiver.
Ambos, e todos os demais interessados, vão negar esse acordo até a morte. Mas quem conhece o pragmatismo dos personagens, que no passado já forjou o Lulécio (chapa informal Lula + Aécio) em 2002, e o Dilmasia (Dilma + Anastasia) em 2010, sabe muito bem que pode decolar.
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