quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Briga antiga: Barroso e Gilmar, volta à troca de farpas


Ministros do STF já protagonizaram discussões no plenário e ataques nos bastidores
O Globo
A troca de acusações entre os ministrosGilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, nesta quarta-feira, é mais um episódio dos embates entre os integrantes do Supremo Tribunal Federal. De perfis opostos, os ministros já provocaram momentos de tensão no plenário da Corte, com direito a críticas diretas e bate-boca durante julgamentos.
Veja a seguir os episódios:
TROCA DE FARPAS PELA IMPRENSA
episódio mais recente da troca de acusações ocorreu nesta quarta-feira. Gilmar disse ao blog jornalista Andréia Sadi, do G1, que Barroso “fala pelos cotovelos” e “precisa suspender a própria língua”:
— O Barroso que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da malinha rodinha. Precisaria suspender a própria língua — afirmou.
Barroso respondeu por meio de nota, na qual fez referência aos frequentes encontros — muitos deles fora da agenda — entre Gilmar e o presidente Michel Temer, assim como a proximidade dele com políticos investigados, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
“Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas”, escreveu Barroso.
DIVERGÊNCIA DE OPINIÃO
Em junho, durante o julgamento da delação da JBS, o clima azedou entre os dois ministros, que têm posições diferentes sobre as regras das delações premiadas. Gilmar chegou a deixar o tribunal após a discussão com Barroso, antes de a sessão terminar.
‘Essa é a opinião de Vossa Excelência. Deixe os outros votarem’
- Gilmar MendesMinistro do STF
Barroso, que votou com a maioria pela manutenção da forma como as colaborações são feitas, reagiu irritado quando Gilmar o acusou de não respeitar posições divergentes.
— Essa é a opinião de Vossa Excelência. Deixe os outros votarem — exaltou-se Gilmar.
— Sim, mas está todo mundo vontando — respondeu Barroso.
— Claro. E respeite o voto dos outros — reagiu Gilmar.
‘Não pode: acho que vou perder e vou embora. Não! Estamos discutindo’
- Luís Roberto BarrosoMinistro do STF
— Claro, vou plenamente respeitar os votos dos outros. Estou ouvindo Vossa Excelência. Inclusive foi Vossa Excelência que ontem suscitou: a questão não é só essa, temos outras considerações. E em consideração à de Vossa Excelência, eu trouxe a minha. Agora não pode: acho que vou perder e vou embora. Não! Estamos discutindo — devolveu Barroso.
ATAQUES DIRETOS
Em outubro, quando o STF analisava uma emenda à Constituição que extinguiu o Tribunal de Contas do Municípios do Ceará, Gilmar e Barroso protagonizaram uma discussão com ataques diretos, que manteve os outros ministros em silêncio. A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, até tentou apaziguar os ânimos, mas as acusações continuaram. Ela, então, encerrou a sessão.

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