Encontro entre Paulo Câmara e João Paulo, com bate-papo demorado, é um sinal de que a paquera entre PSB e PT deve terminar em casamento
Do Diario de Pernambuco – Aline Moura
A Quarta-feira de Cinzas não soou tão ingrata para o palanque do governador Paulo Câmara, que disputa a reeleição. A oposição passou o carnaval sem fechar o nome que vai enfrentá-lo na eleição de 2018, enquanto o governador praticamente selou a chapa majoritária. No sábado de Zé Pereira, Paulo Câmara circulou no Galo da Madrugada ao lado de Jarbas Vasconcelos (MDB) e, no domingo, estava com o ex-prefeito do Recife João Paulo (PT) em Bezerros, numa das principais festas carnavalescas do interior.
Nenhum deles cravou a aliança, mas os adversários foram pegos de surpresa com a proximidade do governador e de João Paulo, que chegaram a entoar, juntos, Madeira que cupim não rói, no camarote montado pelo prefeito de Bezerros, Severino Otávio (PSB), conhecido como Branquinho. A música virou um hino oficial nas campanhas de João Paulo e do exgovernador Eduardo Campos.
Segundo interlocutores presentes na festa, Fernando Bezerra estava no camarote ao lado de umas 15 lideranças políticas, entre eles o deputado federal Bruno Araújo (PSDB) e o vereador do Recife Marco Aurélio (PRTB), quando viu João Paulo. “Eles ficaram meio atordoados. FBC ficou agoniado e ficou aquele climão”, contou um observador.
Paulo Câmara e João Paulo seguiram depois para a casa do prefeito, onde foi servido um almoço regional, incluindo angu, galinha quisada e bode. Os dois conversaram sobre o cenário político e amenidades por mais de uma hora. João Paulo comeu frutas e o governador beliscou comidas da terra. A conversa foi acompanhada pelo deputado federal Fernando Monteiro (PP), um dos principais articuladores políticos do governo.
Paulo Câmara e os aliados fizeram o balanço que o clima político pós-carnaval está mais favorável à campanha do governador, que tem partidos aliados de peso como o PP e o PSD. O ambiente melhorou também após uma entrevista de Lula ao radialista Geraldo Freire, onde ele disse que o PT pode ter candidatura própria, mas alertou para o risco de a legenda continuar “brigando” com um antigo aliado e ficar isolado.
O PSB sabe que ainda precisa amarrar pontas soltas, porque existem socialistas e petistas insatisfeitos com a aproximação de Paulo e João Paulo, que recebeu a bênção de Jarbas Vasconcelos desde janeiro, como antecipou o Diario.
O deputado estadual Lucas Ramos (PSB), por exemplo, considera um erro estratégico a aliança entre socialistas e petistas no primeiro turno, por exemplo, porque as feridas deixadas pela eleição de 2014 ainda não foram curadas. O sentimento é semelhante na base do PT e isso não é tão simples de resolver. Partidos como SD, de Augusto Coutinho, também são favoráveis a um casamento entre PSB e PSDB, mas, nas contas, todos ponderam o cacife de Lula no interior, cada vez mais forte diante da impopularidade do governo Temer.
Se o palanque de Paulo ficou mais entrosado no carnaval, o mesmo não aconteceu com a oposição. O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), fez uma agenda própria. Nomes como o ex-governador João Lyra (PSDB) vêm defendendo a importância de duas candidaturas contra o governador, na hipótese de Marília Arraes (PT) ficar realmente fora da disputa. Os dois palanques seriam encabeçados por Fernando Bezerra (MDB) e Armando Monteiro (PTB), mas ambos teriam dificuldades de montar a chapa para o Senado.
Os dois precisariam escalar quatro nomes competitivos para concorrer ao cargo, mas, nesse grupo, há dois nomes postos: o de André Ferreira (PSC) e o de Silvio Costa (Avante). Estão mais próximos de FBC partidos como PV, PRTB e PSDB, enquanto Armando tem ao seu lado, além do PTB, o PRB, o Podemos e o Avante.
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