quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Até tu, Maia?


Ricardo Miranda – Blog Os Duvergentes
Como ferir mortalmente um presidente que, iludindo-se depois de mandar intervir no Rio, cortina de fumaça para seus fracassos no Congresso, começa a acreditar que tem chances eleitorais? Que tal bradar que esse presidente planeja criar impostos? Não se salvaria nem o otimismo descompensado de Elsinho Mouco, para quem “até vampirão da Tuiuti pode virar atributo positivo” se a intervenção der Ibope. Tosco. Pois Rodrigo “Pitbull” Maia, versão nada paz e amor do presidente da Câmara, decidiu morder a mão daquele que lhe alimenta.
Em uma “confissão” à bela, onipresente – e, reconheça-se, competente – Andréia Sadi, o filho de César deu uma de Brutus. Revelou,como quem não quer nada (mas quer tudo), que, numa conversa com Michel Temer no sábado, 17, no Palácio Guanabara, no Rio, o presidente sugeriu um imposto exclusivo para financiar a segurança pública.
Claro que Rodrigo Maia, que também sonha com uma improvável candidatura presidencial, ao ouvir tal heresia, reagiu à altura. “O presidente disse: Rodrigo, que tal pensarmos em um imposto só para a segurança pública? Eu disse: presidente, é inviável. O decreto inviabiliza proposta de emenda à Constituição”, narrou Maia, em seus escritos psicografados por La Sadi.
Maia afirmou ser contra aumentar impostos e acrescentou, imperativo, que, se o governo quiser, terá de fazer por decisão do Executivo, sem passar pelo Legislativo. Que arrojo! Um verdadeiro Maia. A perdida Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que não iria comentar as declarações de Maia, mas é possível imaginar Temer dando cambalhotas pra trás. Mouco estava dormindo.
E Maia só está esquentando os tamborins, seguindo com rigor instruções do pai ritmista, criador do factóide estilo carioca e da Cidade da Música. Com a reforma da Previdência enterrada e velada, ele e doutor Eunício (presidente do Senado Eunício Oliveira, por assim dizer) decidiram chamar o plano B de Temer, o pacote de medidas parido para compensar as coisas, de “café velho e frio, que não atende a sociedade”. De patriotas assim o inferno está cheio.
Brutus é pouco pra Maia. Ele está mais pra um calígula sem tesão.

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