Igual a Collor
Dilma está caminhando de forma irreversível para atingir o patamar de rejeição do ex-presidente Collor. Na fase pré-impeachment, o caçador de marajás alcançou 68% de ruim e péssimo. Vivendo o pico do desgaste da operação Lava Jato, a petista bateu à casa dos 65%, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha.
Ao contrário do ambiente vivido por Collor, contaminado pelas denúncias de Pedro Collor, seu irmão, que provocaram a abertura do processo de impeachment, Dilma ainda consegue andar pelo País, falar na televisão e aprovar medidas no Congresso focadas no ajuste fiscal, apontadas como salvadoras do terrível quadro econômico.
Tenta, na verdade, driblar o que já está ruim e que tende a piorar. Mas dificilmente um Governo se salva com apenas 10% de aprovação. No campo político, nada ajuda Dilma. Sua base no Congresso vive a experiência de um parlamentarismo branco, com os mandarins Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Para complicar, o ex-presidente Lula, que vinha se comportando como cão de guarda, tentando salvar a lavoura, parece ter perdido a paciência com a cria e também a esperança na sua recuperação, afirmando que o Governo está no volume morto, conforme noticiou o jornal O Globo.
No plano econômico, até os mais otimistas dos experts não acreditam numa recuperação a prazo médio, mas longo, se, claro, o ajuste fiscal vingar. Para complicar, novos aumentos nos combustíveis estão sendo anunciados para os próximos dias, enquanto se fala em novos reajustes nas tarifas de energia.
Por fim, o desemprego, que bate à porta do trabalhador, se apresenta como o maior de todos os complicadores. As montadoras de automóveis optaram por férias coletivas, a construção civil, com níveis baixíssimos de investimentos, demite em massa. No Nordeste, os reflexos são tão terríveis que só em Suape 40 mil empregos pularam pela janela.
A junção recessão X crise política pode, irremediavelmente, levar Dilma e o seu Governo para o fundo do poço, com taxas de rejeição bem maiores do que as de Collor, mas com um diferencial: paradoxalmente, ainda não existe sustentação jurídica para se instalar um processo de impeachment.
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