sexta-feira, 12 de julho de 2013

O inferno astral de Dilma Rousseff

Os sinais estão por toda parte: uma greve geral de sindicalistas travou vários pontos do país; a popularidade – desde o início do mandato nas alturas – caiu como uma tumba pesada depois dos protestos de junho; os prefeitos, sempre tão elogiosos e sedentos por recursos do Governo Federal, vaiaram-na durante discurso; a economia, como se sabe, não vai nada bem; e o Congresso Nacional, na forma do aliado PMDB, se sentiu mais do que confortável para enterrar a proposta de plebiscito sugerida pela presidente Dilma Rousseff (PT).

Os últimos 30 dias não foram felizes para a mandatária.

“Agora está fácil bater. É a lógica de empurrar o bêbado na ladeira”, afirma o cientista politico do Insper, Humberto Dantas. Para ele, as vaias dos prefeitos e o comportamento dos aliados no Congresso Nacional são nada mais que uma consequência do momento de fragilidade vivido pela presidente.

Dilma, claro, continua durona. Em reunião com ministros na semana passada, deixou claro – nos tons amenos pelos quais já é conhecida - que não “estava acuada”. Mas é notório que só pelo fato de ter de dizer tal coisa já indica que a situação não é favorável. “Ninguém me defende, fugiram todos”, teria confessado Dilma a um interlocutor, segundo a coluna de Dora Kramer, no Estadão.

Dilma vive hoje “seu pior momento em dois anos e meio de governo”, atesta o professor de ciência política aposentado da Universidade de Brasília, Octaciano Nogueira.

Diante do quadro, os petistas querem reverter o cenário o quanto antes. O marqueteiro João Santana já cravou: Dilma recupera a credibilidade nas pesquisas em até quatro meses. Segundo levantamento do Datafolha realizado após os protestos, a popularidade da presidente caiu 27 pontos percentuais em apenas três semanas.

Que tudo é reversível, já se sabe: também em seu terceiro ano de mandato, em 2005, Lula sofreu o desgaste da descoberta do mensalão. E nem por isso deixou de ser reeleito no ano seguinte.

“É a economia, estúpido!”. A frase, cunhada pela campanha de Bill Clinton para resumir o único problema incontornável para os Estados Unidos em 1992, sintetiza o principal entrave no caminho de Dilma Rousseff rumo à reeleição: a economia. Esta dificuldade, mesmo pós-mensalão, Lula não teve.

Analistas políticos concordam que Dilma pode se recuperar – nas pesquisas e na moral com aliados e movimentos sociais - mas tudo vai depender mais do desempenho da economia do que de outros fatores que a estejam prejudicando neste momento, tais como a atrapalhada resposta ao clamor das ruas em junho.

No dia 24 do mês passado, por exemplo, Dilma sugeriu uma constituinte exclusiva para reforma política, ideia logo enterrada ao ser tida por juristas como impossível.

Os últimos acontecimentos mostram ainda que a presidente não conseguiu driblar inteiramente as críticas, feitas desde que assumiu o mandato, de que precisa dialogar mais com políticos aliados e movimentos sociais, embora ela tenha tentado em várias ocasiões.

Para Humberto Dantas, do Insper, não ajuda ninguém o perfil centralizador de Dilma, tanto para tomar decisões quanto no âmbito da execução de grandes projetos nacionais, que acabam se concentrando nas mãos da União.

Mas se o primordial para a recuperação da petista for mesmo somente a economia, o receituário de cientistas políticos soa simples.

O grande problema é que economistas estão tendo dificuldades para vislumbrar quaisquer sinais de recuperação da atividade produtiva. A expectativa dos analistas ouvidos no começo do ano pelo Boletim Focus, do Banco Central, era de que o PIB fecharia 2013 com crescimento de 3,26%. Agora, já se espera 2,34%. A mesma curva ascendente foi vista no ano passado, quando o PIB cresceu magros 0,9%.

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