terça-feira, 19 de setembro de 2017

Mourão revela que golpismo ainda ronda o Exército


General que defendeu hipótese de intervenção militar merece repreensão
Kennedy Alencar
O general Antonio Hamilton Mourão deveria ser grato por não estarmos na ditadura que ele defendeu. Em evento da maçonaria na sexta, em Brasília, Mourão, que é secretário de Economia e Finanças do Exército, disse que, se as instituições falharem no combate à corrupção, especialmente o Judiciário, os militares vão “impor uma solução” que “não será fácil”.
Mourão disse que a ditadura militar de 64 sofreu ataques covardes e que isso marcou sua geração no Exército. Foi muito claro ao afirmar que o Exército poderia dar um golpe e que sua visão coincidia com a do alto escalão da sua força. Ele respondia a uma pergunta sobre a possibilidade de intervenção militar nos dias de hoje.
Ora, se Mourão tivesse dado essa declaração na ditadura militar provavelmente acabaria preso e correria o risco de ser torturado e morto, como aconteceu com as vítimas de 1964. A Comissão da Verdade reconheceu a morte e o desaparecimento de 434 pessoas durante a ditadura.
A democracia é tão boa que evitará que o general Mourão tenha destino semelhante. É chocante, mas não surpreende, a persistência dessa mentalidade golpista no Exército.
As Forças Armadas engoliram à força a Comissão da Verdade, que investigou violações aos direitos humanos no Brasil entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, período no qual está incluída a ditadura militar que durou de 1964 a 1985. Até hoje há suspeita de que provas de crimes contra os direitos humanos foram escondidas pelos militares e assim permanecem.
As Forças Armadas nunca se desculparam pelo golpe que aplicaram no Brasil.
Obviamente, o comando do Exército, o Ministério da Defesa e o presidente Michel Temer precisam repreender, como manda a boa disciplina militar, esse ato de insubordinação do general Mourão em relação à Constituição do país. Se houver a reprimenda, certamente não será ao molde de 64.

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