terça-feira, 26 de junho de 2012

Uma relação cheia de conflitos


Ayrton Maciel

Alinhados politicamente e aliados históricos, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o ex-governador Miguel Arraes (PSB) sempre tiveram uma relação de conflitos, desde a eleição de 1982, a primeira pós-retorno de Arraes do exílio na Argélia (1979). Essa relação foi assumida pelo neto, herdeiro político e atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). O rompimento em 1992, quando Jarbas, candidato a prefeito do Recife, rejeitou Eduardo como seu vice – e venceu o pleito – foi a confissão pública da disputa de visão política e diferenças pessoais entre os dois.
“Eu nunca quis ser candidato (a governador). A única eleição que eu quis disputar foi a de 1982. Essa, eu queria”. A revelação de Arraes, feita ao JC, traduz a origem da disputa no PMDB com Jarbas, à época deputado federal e presidente estadual do partido. Para Arraes, eleger-se em 1982 teria um simbolismo. Significaria a devolução do mandato – novamente pelo voto do povo – cassado pelos militares em 1964.
Jarbas, porém, considerava que a vez era do carismático senador Marcos Freire, eleito em 1974, grande nome do PMDB, que ficara integrado à luta contra a ditadura. Arraes teve de aceitar. Mas a contrariedade com o aliado acabou se personalizando em um episódio da campanha de 82, que ficou restrito à discrição dos personagens. A equipe de propaganda da chapa Marcos Freire, Fernando Coelho (vice) e Cid Sampaio (Senado) tentou encaixar uma tarde de fotos com Arraes. Na data agendada, a assessoria de Arraes ligou, desmarcando.
Em 1985, na disputa pela Prefeitura do Recife, Jarbas e Arraes se reaproximaram. Ao perder a legenda do PMDB para Sérgio Murilo, Jarbas disputou pelo PSB de Arraes e foi eleito. Em 1988, Jarbas indicou o peemedebista Marcos Cunha para a sua sucessão. Eleito governador em 86, na maior unidade da esquerda (derrotou José Múcio, PDS), Arraes apoiou Cunha. Joaquim Francisco (PFL) foi eleito e jarbistas acusaram pouco esforço de Arraes.
Em 1990 o conflito foi retomado. Jarbas disputou o governo do Estado com Joaquim Francisco e perdeu. Jarbistas afirmaram que Arraes demorou a declarar apoio e novamente não teria se esforçado. Arraes contestou: “Rodei mais de 60 mil quilômetros”. Para piorar, o PSB havia lançado uma chapinha proporcional, o que levou à não reeleição de históricos do PMDB.

 Em 1992, Jarbas deu o troco. Rejeitou Eduardo Campos na sua vice para a Prefeitura do Recife. Arraes, então, lançou o neto candidato a prefeito. Jarbas venceu fácil. O rompimento político e pessoal definitivo veio em 1994, quando Jarbas apoiou Gustavo Krause, candidato do PFL, ao governo. Arraes venceu com facilidade.
Em 96, Jarbas ajudou a eleger Roberto Magalhães (PFL) para a PCR, enquanto Arraes ficou com Roberto Freire (PPS). Em 1998, Jarbas teve a sua maior vitória, impondo a Arraes (candidato à reeleição) uma derrota por mais de um milhão de votos. Em 2002, Jarbas reelegeu-se.
Em 2005, uma trégua: o peemedebista visitou Miguel Arraes no hospital. Com a morte do avô, Eduardo passou a liderar o PSB, e em 2006 foi eleito governador contra Mendonça Filho (PFL). Em 2010, Eduardo devolveu a Jarbas a derrota imposta a Arraes em 98, vencendo-o com uma diferença de quase três milhões de votos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Patos no Caminho da Mudança!

Ramonilson Alves, Deputado Federal Eflain Filho, Benone Leão e Umberto Joubert.  Por uma Patos Melhor!