terça-feira, 12 de setembro de 2017

Em discurso na Câmara, Jarbas chama FBC de adesista


Durante um pronunciamento no Plenário da Câmara dos Deputados, na tarde de hoje, o deputado Jarbas Vasconcelos, líder histórico do PMDB, chamou o senador Fernando Bezerra Coelho, recém ingresso na legenda, de adesista.
Segundo o parlamentar, FBC tem uma história marcada por adesismos de ocasião. “Ele era do PDS, mas quando viu a possível vitória de Arraes, dele se aproximou. Depois foi para o PMDB com Orestes Quércia e posteriormente passou pelo PPS quando a candidatura de Ciro Gomes se consolidou. Voltou para me apoiar quando venci a disputa pelo governo de Pernambuco. Foi para o PSB com Eduardo Campos e virou ministro de Dilma. Agora, seu filho é ministro de Temer”, pontuou. Confira a íntegra do discurso.
Senhor Presidente
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Subo a esta tribuna hoje em nome na minha própria história. Longe de mim querer enaltecer a minha biografia com autoelogios ou estratégias de marketing pessoal. Não se trata disso.
O que eu, Jarbas Vasconcelos, quero hoje é alertar esta Casa e o povo brasileiro para uma tentativa sórdida e desrespeitosa de calar a minha voz. Não sou homem de meias palavras nem de mensagens cifradas. Então vamos aos fatos.
A manobra ardilosa que pretende me atingir está sendo maquinada pelo senador Fernando Bezerra Coelho que diz está seguindo orientação da presidência nacional do PMDB.
Fernando Bezerra Coelho tem uma história marcada por adesismos de ocasião. Era do PDS, mas quando viu a possível vitória de Arraes, dele se aproximou. Depois foi para o PMDB com Orestes Quércia e posteriormente passou pelo PPS quando a candidatura de Ciro Gomes se consolidou. Voltou para me apoiar quando venci a disputa pelo governo de Pernambuco. Foi para o PSB com Eduardo Campos e virou ministro de Dilma. Agora, seu filho é ministro de Temer.
Apenas para traçar um paralelo entre a minha prática e a dele, quero lembrar que sou fundador do antigo MDB, o grupo de homens públicos que sempre defendeu a democracia, a transparência, a responsabilidade fiscal e a prática republicana. Lutei contra a ditadura militar em seus tempos mais sombrios. Tenho mais de 50 anos de vida pública, uma vida da qual me orgulho e não tenho absolutamente nada a esconder. Fui deputado estadual, deputado federal, prefeito do Recife duas vezes, governador de Pernambuco duas vezes, senador e mais uma vez deputado federal.
Minha história confunde-se com a história do PMDB. Não a história destes que negociam espaços com Fernando Bezerra Coelho. O meu PMDB tem o DNA de homens como Ulysses Guimarães e Pedro Simon.
Durante todo o período dos governos do PT, estive na oposição. E a bem da verdade é que a maioria dos que hoje pretendem me expulsar do PMDB apoiou os governos que hoje criticam. Foram cumplices nos malfeitos. Eu mantive a minha coerência. Não titubeei. Não tergiversei. Paguei um preço político por isso, mas não me arrependo um segundo sequer.
Mesmo na era petista e apesar de eu ser minoria da minoria no meu partido, nunca tentaram tomar o PMDB de Pernambuco daqueles que estão há 50, 40 e 30 anos dentro do partido. É o caso do Vice-Governador de Pernambuco, Raul Henry, presidente estadual da legenda. Raul está no PMDB desde sua juventude, no início da década de oitenta. Ocupa a presidência estadual da sigla com legitimidade, eleito democraticamente pelos nossos filiados. Não há improvisação no PMDB de Pernambuco. Há seriedade e transparência.
Fui a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e apoiei desde o início o Governo do presidente Michel Temer. Fiz isso sem interesse algum em cargos, emendas do Orçamento ou benesses governamentais. Sou a favor e continuarei sendo das reformas que o País tanto precisa.
Votei a favor da continuidade da investigação no caso envolvendo a JBS. Não foi um voto de pré-julgamento ou contra a pessoa do presidente Michel Temer. Desde o início de seu governo eu me coloquei e continuo a me colocar disponível para ajudar nessa penosa travessia que passamos. Votei pela investigação porque ao longo da minha vida pública sempre defendi a apuração de denúncias.
Em várias situações, exatamente por conta do meu pensamento e da minha coerência, fui atacado dentro do meu próprio. Do partido que ajudei a criar. Mas mesmo diante das divergências nunca houve uma ação voltada para me expulsar ou punir. Sempre houve o respeito às diferenças. Respeito! Condição primária para a convivência em qualquer ambiente e que faltou e está faltando a Fernando Bezerra Coelho.
Quis o destino que a ameaça contra a minha pessoa, contra a minha história, contra a minha postura, voltasse à tona. E ela voltou às vésperas de um ano eleitoral. Explicarei.
Mesmo alertado por alguns amigos da desagregação que o senador Fernando Bezerra Coelho provoca por onde passa, sempre me referi a ele com educação e cortesia. Sempre. Não só a ele, mas aos seus filhos que também atuam na política. Em poucos dias, porém, percebi que Fernando Bezerra está trabalhando para intervir no PMDB de Pernambuco. Ao meu gesto cordial de elogiar a ele e ao seu filho ministro, o senador Fernando Bezerra Coelho respondeu com desrespeito e prepotência. O ato dele tem nome: traição.
Mais uma vez, interessado num palanque para si e para seus filhos em 2018, Fernando Bezerra Coelho regressa ao PMDB dizendo seguir orientação da presidência nacional do partido. O que na verdade Fernando Bezerra Coelho quer é alijar a mim e a executiva estadual do PMDB das decisões estratégicas do partido em Pernambuco. Esta é a ameaça que enfrento hoje.
Para finalizar, senhoras deputadas e senhores deputados, quero deixar registrado que jamais me curvarei diante da mesquinharia de homens que, usufruindo de um poder efêmero e frágil, buscam atingir aqueles que, como eu, sempre militaram em nome da democracia, da justiça e da coerência.
O PMDB de Pernambuco foi uma trincheira de resistência democrática ao regime ditatorial. Vamos resistir e vamos recorrer a todas as instâncias políticas e legais para impedir que o partido se transforme numa extensão familiar dos interesses de Fernando Bezerra Coelho e companhia.
Era o que eu tinha a dizer senhor presidente.

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